quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Doação de Órgãos


Algumas vezes assistimos comovidos familiares de jovens falecidos darem entrevistas com os olhos cheios de lágrimas e dizendo que a saudade, a tristeza é enorme, mas há um pequeno consolo por saber que os órgãos do querido parente representarão vida nova para outras pessoas.

Na maioria das vezes, isso não acontece. A publicidade do Ministério da Saúde causa sensibilização e muitos pensam, até criam vontade de poder ajudar. Porém, a doação de órgãos vive uma realidade oposta. É um assunto que não é totalmente elucidado para a população.

Existem alguns mitos que necessitam urgentemente serem quebrados. Não, médicos não agilizam o processo de transplante quando o paciente encontra-se em estado grave. Não, no Brasil não há tráfico de órgãos organizado pelas autoridades competentes.

O Brasil possui um sistema completamente sério de captação e distribuição das doações. Possui uma postura ética que obedece todos os critérios da Organização Mundial de Saúde e com o apoio da população tem tudo para se tornar um exemplo nessa questão.

Então, qual a dificuldade e o empecilho das doações? Muitos. Para haver doação deve-se respeitar muitas exigências. A pessoa necessita não ter comorbidades em vida, deve-se enquadra em idades compatíveis. Mas, o grande inimigo é o fato de que a doação obrigatoriamente deve ocorrer com o coração ainda batendo. Fomos criados com a visão errônea que a vida está no coração. Talvez esteja mesma, mas se estiver, está no coração metafórico, no coração sentimental, do relacionamento humano e não na câmara cheia de músculo que contrai e relaxa incessantemente. Quando ocorre parada cardíaca, automaticamente todas as células do corpo perdem a nutrição e começam a morrer. Os rins rapidamente entram em isquemia e assim como todos os alvos do transplante não são úteis e não podem ser utilizados.

A vida, extrapolando a visão religiosa, encontra-se no sistema nervoso. Para ser doador deve-se entrar em morte encefálica, mas com o resto do corpo funcionando. Entretanto, algumas pessoas se perguntam: o que isso significa? Significa que a pessoa deve estar morta da mesma forma que todas as outras que morrem e ao mesmo tempo com certos órgãos funcionando. Inicialmente é complicado entender tais definições, mas não podemos deixar de sermos enfáticos: a morte encefálica é irreversível, a morte física já ocorreu, não há possibilidade nenhuma do paciente acordar, os órgãos continuam funcionando momentaneamente devido a aparelhos, não devido há qualquer conceituação de vida. O corpo sozinho é incapaz de manter mais nada. Esse diagnóstico não é passível de erro algum, pois é realizado sempre por uma junta médica que segue uma sistematização mundial.

Quando a família é chamada ao hospital a questão é que a morte já ocorreu e há a possibilidade de poder ajudar outras pessoas. Apenas isso. Morte encefálica é igual a morte. A maioria dos casos que permitem doação são causas acidentais. Os familiares ficam completamente abalados, em choque, algumas vezes não aceitam o ocorrido.

É um momento extremamente sensível e é nessa miscelânea de sentimentos que a família deve decidir se autoriza o procedimento. O transplante só irá ocorrer se houver o consentimento pleno da família.

Penso que a questão religiosa, independente do credo, deveria ser mais atuante e incentivar a autorização de tal prática. Jesus nós ensinou que não devemos guardar o que não precisamos. Todos os conceitos cristãos definem a alma com forma não material. Portanto, aquilo que fica da nossa existência não precisará de pulmão, fígado, coração.

A melhor campanha que pode ser feita por aqueles que aderem essa causa é orientar a sua vontade e esclarecer tais informações aos familiares e pessoas do convívio próximo. Cada pessoa que toma conhecimento do que realmente significa, torna-se um outdoor de divulgação da esperança daqueles que lutam nas filas de espera em todo país.

Não desejo o mal de ninguém, não espero que ninguém sofra algum acidente fatal, mas se sofrer, desejo de coração, que essa pessoa não perca a oportunidade de ajudar o próximo.

Que fique claro aos meus familiares, eu sou completamente a favor dessa causa.
Thiago Albino

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Desapego

Seja livre
nao posso, te amar mais do que isso
prender-te em minhas palavras
nos meus subornos emocionais
nao cabe mais entre nós

Corra para longe
e saiba, nao engula
sinta, nao entenda
veja, não se atente

O máximo do meu amor
é a sua liberdade!

Paulo Reis

sexta-feira, 9 de julho de 2010

As Quatro Estações

No verão,
você sempre radiante animando a gente
alguns a chamam de pré-adolescente
eu digo que não
digo que apenas vive intensamente
sempre autêntica com aquilo que sente,






No inverno,
nos esquenta com seu jeito animado e diferente
fazendo querer sempre te ter perto da gente
sorrindo, cantando, falando e falando
mas nunca nos cansando.






No outono,
teu olhar é doce e sincero
e na imensidão dos teus olhos brilha as estrelas do céu.
Lindos olhos azuis profundos como o mar
querendo fazer todos te amar.






E na primavera,
ahhh a primavera
Você sobe sozinha no palco
dança, pula e canta
E como a mais bela linda flor
você desabrocha e a todos nós encanta.

Mateus Miranda

A estrada da doce ilusão

Você acendeu a chama do meu coração
e despertou em mim uma linda paixão
que há muito tempo não sentia até então




Você foi uma doce ilusão
um sonho totalmente em vão
e sua resposta ao meu sentimento despedaçou meu coração




Olho para trás e penso
o que poderia ter feito diferente
Mas se olhar para trás
como poderei seguir em frente




Mas como seguir em frente
com a certeza de que não a terei em meus braços
e de que nunca sentirei o calor dos seus abraços
Se olho para trás ou para frente
é sempre você quem está em minha mente




A bela estrada que tomei até ti
me levou até um triste fim
Mas tenho certeza e devo crer
que outras belas estradas estão por vir




O meu destino com você
não teve o desfecho o qual quis
E agora não sei o que o horizonte vai trazer para mim
Mas tenho certeza e devo crer
que outras belas estradas estão por vir...

Mateus Miranda

domingo, 21 de março de 2010

Homenagem

Gostaria de postar novamente um pequeno poema em homenagem a minha cadela, que me provou que afeto e amor não são provados por palavras, sim por gestos.

Miúcha

Parada com a mesma cara de afeto,
sem julgamentos,
sem muitos desejos
e sempre feliz,
ela me vê ir e vir.
___

Vou sentir falta do bom dia, dos latidos, da recepção na madrugada e principalmente do olhar doce.
Obrigado por tudo.
Descanse em paz.


Thiago Albino

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Novos ventos

Como Nietzche
meu cérebro está prenho
Na labuta
pensamentos soltos
Os ventos calmos de antes
sopram eufóricos

Certa inocência 
córneas em chamas
Pupilas dilatadas em um breu
me escoro em muros
pichados de indagações 

Respiração ofegante
Tórax pesado
Sintomas típicos

Pobre sou,
pensamentos giram
cercam a novidade

Pobre ela
Enquanto isso lamento
por quem me espera.

Paulo Reis

sábado, 12 de dezembro de 2009

Colha o dia

Cinco minutos
o tempo da certeza
acalme-se 
nem tudo está perdido

Olhe, sinta
aproveite seus poucos minutos
chupe os dedos
e sinta o sabor doce da ignorância

Desfrute a amada
faça amor
mas ame por estes cinco minutos

Cante alto
assobie se souber
mostre os dentes
antes que eles caiam

Tenha sempre a mão
doses cavalares de intensidade
seja por inteiro
e aproveite os cinco minutos

Não olhe para o relogio
não perca seus segundos
se apegue mais aos detalhes

Não chore pelo não
Amores modernos 
são simbolos
da nossa fragilidade

Siga em frente
Aprenda a assobiar
"carpe diem"
há sempre outros cinco minutos


Paulo Reis

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carteira Assinada


Meu nome é trabalho hora extra e dinheiro no bolso
Filho da necessidade
Pai do cansaço
E o que é meu deste pedaço
É, senão, o riso, pouco e rouco e fraco
Do ganhado e guardado
Perante o penhasco

Canto e canso
E por cansar
Lamento o tempo perdido
No entanto
Meus cantos vibram mais
A melodia é maior
Em tons mais altos.


( João Cortez, Paulo Reis, Thiago Albino )

Essência

No mais presente
Ausente
No mais ausente
Saudade
Na mais saudade

Será necessidade ou comodismo? ______________________________Perdido em ensaio de verdade
É um diálogo?________________________________________ Devaneio evadido
Carência, ausência_____________________________________ De um sonho esquecido
Na perspectiva______________________________________ No primeiro segundo da manhã
O nada, o tudo, o eu____________________________________ O tudo, o nada, você
Somente? Presente?_____________________________________ Somente? Ausente?
Absoluto ___________________________________________________Nulo
?
(Paulo Reis, Mila Vaz, João Cortez, Thiago Albino)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Compatibilidade de Gênios

Ver, depois rever
repito
repito
Verde pois de ver
insisto 
insisto

Acalmam e brilham
tanto
francos
Você e eu
verdes e castanhos
unidos, munidos
Mais, cada vez
mais

Paulo Reis

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

365 dias de muito prazer, leitura, poesia, amizade, cerveja, ressaca, paixão, música, Santa Tereza, futebol, descobertas.

É com muito orgulho que completamos um ano de vida e agradecemos a todos que passam por aqui.

Podem ter certeza, usaremos essa data para longas comemorações e torço para que no meio de tudo, outros poemas possam nascer.

Thiago Albino

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quem fala demais.............

O bar estava animado
pandeiro bem empolgado
Sete cordas bem afinado
Avistei a morena do lado

A machaiada num rebuliço
será que havia feitiço?
cheiro?
não sei, não entendo nada disso.

Fui pra perto da morena
Sua amiga entrosada
digo, até assanhada
sambou que pra levar, tem que conversar


E blá blá blá
e blá blá blá
Chico pra cá
Vinicius pra lá

Coitado do Freud
Até ele cismou
de aparecer por lá

E a morena animada
sambava e suava a coitada
e o assunto nao acabava
haja resenha pra essa mulata

E no meio da conversa
licensa ela me pediu
foi ao banheiro
e rápido partiu

Fiquei esperando
dez, vinte,trinta minutos
e o relógio num parava
o samba deu até uma afrouxada

Quando de longe ví a danada
Ela tava toda entrosada
Ví de longe o beijo
que ela deu no camarada

A moçada caiu na gargalhada

QUando ela foi embora
fui perguntar todo tristonho
pro caboclo o que ele tinha
pra ganhar a linda mocinha

E a surpresa apareceu
o cara não me escutou
muito menos respondeu
acenou com a cabeça
fez gestos com a mão

Ah meus amigos
o esperto do cidadão era mudo
mudo eu que fiquei
por isso digo sem nenhum penar
quer resenha?
Põe um frango pra assar!

Paulo Reis

Brindemos a Onomatopéia


Cráá Cráá
Flap flaap
cráa cráa

RRRooaarrr
RRRRRRRRRRRRRRRoaaarr

Craaa
Flap
Cr........

Rooooaaarrr

Clec Clec
Shiiiiii
Silêncio



Eis que surge
a cadeia alimentar

Paulo Reis

sábado, 22 de agosto de 2009

Desamor


Abre essa porta
Anda!
Vai logo

Deixe a chave
e se depois te procurar
não acredite

O que virão depois são apenas mentiras que
inventei para contornar
essa situação incontornável

O que virão depois são hormônios
Brutos, não mais lapidados
pelo amor de antes

Comodismo
medo
O choro inevitável


Em qual momento
deixei o amor sair?

sempre tem um momento


Paulo reis

Olho Mágico


Há de se notar
que todos a sua volta
tem o mesmo olhar

Cante
erga os braços
feche os olhos e
encante

Como vai me notar?
Pobres boquiabertos
calmos porém eufóricos
como agora estou

A diferença tênue 
entre os meus olhos
e todos os outros
talvez você nunca saiba

Digo francamente:
Nem eu mesmo sei!

Só sinto escondido
Bem baixinho

Sinto e peço
Feche os olhos
erga as mãos
e cante

O show minha cara
Deve continuar

Paulo Reis

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

domingo, 26 de julho de 2009

15/07/2009

As estrelas se ofuscaram
um apito contestado
ecoou pela cancha

Dias de glória abrem espaço
e a alegria de antes,
cede lugar ao sofrimento

A virada mais dolorosa
fez de nossa casa
o "silêncio ensurdecedor"

Guerreiros se ausentaram
Gladiadores choraram

No juri da nossa tristeza
três ou mais réus
Sem entender cantamos
e choramos

Na sentença injusta,
em que o apito é o martelo
somos nós os condenados
condenados por amarmos demais

Paulo Reis

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Corte de cabelo


Cada um com seus problemas, com seus amores, com sua família e com seu time do coração. O meu, como todos que me conhecem já sabem, é o Cruzeiro e junto com ele vem uma história longa de paixão, devoção, algumas tristezas, infinitas alegrias e é claro como bom amante do futebol, carrego algumas superstições.

Tudo começou na Copa do Brasil de 96, todos os jogos foram assistidos com a mesma camisa. Na Libertadores comprei minhas primeira bandeira e essa não saiu do meu lado um só instante em jogos importantes. Não sou nenhum pouco metódico, manias entram e saem de acordo com o campeonato, algumas ganham corpo, perduram por mais tempo e outras como parte do meu ser e pelos títulos do azul celestes ficam para sempre.

Libertadores 2009, time amadurecido da eliminação do ano anterior, pouco acreditado, mas ganhando vida a cada jogo. Logo na cara deu para ver onde chegaríamos, já no carnaval sonhava com Dubai. Nesses momentos apareceu a bendita, apareceu as superstições. A bandeira foi lavada em fevereiro e de tanto usada está encardida.

Todas as camisas oficiais que tenho foram presentes e por destino foram mantos de grandes títulos: 96-Copa do Brasil, presente da minha mãe; 97-Libertadores, presente da minha avó; 2003-Campeonato Brasileiro, presente de uma antiga namorada. O coração ficou apreensivo , não podia comprar a camisa, apesar de ser a mais bonita de todos os tempos. Chegou junho e com ele o sempre romântico dia dos namorados. Quanta expectativa e por fim a sacola da loja esportiva. Foi extremamente romântico e preciso. Juntando isso com o futebol de classe do Marquinhos Paraná não faltava nada ou quase nada.

No início da competição lembrei que em todos esses títulos citados meu cabelo estava grande. Não demorou muito e prometia para mim mesmo que a tesoura só seria visitada depois do título ou de uma improvável eliminação. Tudo em ordem, o cabelo cada dia mais feio, o Ramires cada vez mais rápido e o Kléber cada vez mais comportado.

Mas a mão que acaricia é a mesma que apedreja. Semifinal, quase lá, o cabelo já incomoda a todos, menos a mim e de repente, nada mais que de repente, surgi a formatura de direito da mãe da querida namorada. Sem poder argumentar sou convencido pelo afeto, pelo amor e com um pouco de razão ( aparecer na colação de grau com um namorado cabeludo despenteado não deve ser nada bom ) a deixar para trás toda expectativa, toda minha superstição, toda minha certeza de ser tricampeão.

A cada tesourada mais ansiedade surgia. As vésperas do jogo não consigo ficar parado. Tenho medo de ser o culpado da desclassificação, vou sentir enorme remorso e culpa. Apenas me resta torcer muito, muito mesmo, pelo Cruzeiro e para que toda essa crença futebolística seja uma bobagem de criança que devia ter acabado em 1996.

Thiago Franco Albino

domingo, 5 de abril de 2009

Pensamentos soltos que ocorrem em uma caminhada cheias de folhas no chão



O tempo anda ansioso. Já sinto um pouco de frio pela manhã. Estamos em abril. As folhas já estão prontas para suas quedas suaves, para aumentarem o trabalho das faxineiras, para causarem risadas das crianças que brincam de bola na rua e fantasiam flocos de neves ou resmungos de avós com expectativa e medo da dor dos ossos.
O calor invade o final de agosto, as propagandas de moda verão começam no inverno, tenho garganta inflamda em pleno sol de fevereiro, um dia nublado inesperadamente proporciona o mais lindo pôr do sol e o azul claro da manhã vira o negro escuro da chuva da tarde. O tempo anda ansioso. E tenho certeza, ainda não é culpa do garoto estufa; ainda uso blusa de lã pelas manhãs de céu azul.

PS 1: Será que essa visão pertence somente a mim ou também é dos taxistas da esquina que discutem o tempo, do organizador de festas edo viúvo que há muito não importa se chove ou se faz sol?

PS 2: No meio de toda essa bagunça, quero fugir do centro das atenções que nunca fui. Não quero mais o carinho que tanto esperei e que tanto entreguei.... Ironicamente, o drama sempre começa no meio de tudo e nunca termina no fim. Ando ansioso, vejo tudo ansioso, não sei mais onde colocar minhas mãos, o que falar e não mais me puno por pensar coisas feias, por reclamar do presente e do tempo. Não me sinto inconsciente e os rabiscos ganham força pelo amor próprio, pela ganância de felicidade. Buscar novos eus? Achar realmente a razão? Nada de banalizar a solidão, amiga inseparável dos bêbados que não bebem. Parar seria matar todo espírito sentimental que nasceu lá atrás. Logo, resta aproveitar o amargo do chocolate e observar outras coisas ansiosas como o tempo que mistura estações, que invade uma na outro e não respeita datas. Admirar as folhas caindo para que o próximo verão me proporcione novas visões, seria uma atitude sábia.

PS 3: O verão começa no dia 21 de dezembro, solstício de verão, momento em que o sol está na sua maior latitude sul, encontra-se em cima do trópico de capricórnio. Penso que deveria ser o momento maior, aúreo do verão para todos cidadãos austrais, mas no entanto é apenas o início. O verão começa quando o sol já vai rumo ao norte, começa no dia do começo do término. Como gostaria de conversar com uma professora de geografia.

Thiago Franco Albino

Margem de segurança


Caminhe o mais longe possível
para fora do alcançe das minhas palavras
para a sua felicidade.

Suma para a distância da covardia
para o silêncio
que polpa o resmungo
que facilite a alma.

Mas ao mesmo tempo
tenha a certeza
nada escapa ao desejo.

Thiago F. ALbino

Afogado


Uma atrás a outra
me resta decepção
de todas as formas
me junto em convergência.

Vontade de me sentir leve
de me comparar ao branco
e realmente ser o que sinto
não o que digo.

As vezes minhas pegadas
tão supostamente previsíveis
encontram mais sozinhas
que o nascer do sol.

E justamente atrás da montanha
resta uma lágrima
que de tão espontânea
evapora pelos olhares rígidos.

Thiago Franco Albino

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Os Degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

domingo, 8 de março de 2009

O mais profundo sofrimento de realmente te querer


Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
o olhar mais lindo do mundo,
que é esse seu, que vem a mim,
que mesmo longe é tão profundo.

Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
esse desejo aqui do fundo,
de te querer, de te sorrir,
e de te ter, só um segundo.

Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
tudo o que eu tenho pra falar,
tudo o que é só desilusão!
Você não vai me entender,
vai disfarçar, vai se esconder,
não sei se quero te querer,
não sei se quero mais sofrer.

Não sei se quero te querer,
pois tudo indica que é em vão.
Mas sim, vou ter que conviver,
com minha mente e coração.
E minha mente diz que sim,
assim como o meu coração,
que tudo não chegou ao fim,
que nessa história não há não!

(Túlio Marques de Faria)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

poema com quatro mãos


Quem seremos nós?
Se hoje não lembramos quem fomos!
nós perdemos?
Acrescentamos.....
cada vez mais....
Hoje somos dois anos,
mas seremos.....

...Amanhã...
dois anos e um dia.
E muito menos
e muito mais.
Mais ou menos sem mais nem menos
eu e você
nada a fazer
a não ser plantar,
regar e deixar crescer

Em que pese a inutiladade da reza
o sentimento prevalece
e o amanha não passa de uma fácil percepção.

Pra que sentar e tentar fazer poema?
Se isto não me traz felicidade e desejo.
Se isto não vai resolver o meu problema.
Da ausência do amor, que eu só quero,
mas que não posso,
pois muito além de mim,
há aquilo que só vejo!


(João Gortez, Pedro Brandão, Thiago Albino, Túlio Marquês)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lágrimas Contadas



Foram nove
daquelas bem doídas

Mal sem perceber
Foram-se cem
e o pranto jorra

E quanto sentimento havia alí
regado a tradições inventadas

Crianças!
Demasiadas questões se expressam
em líquidos incolores
e em sentimentos não palpáveis

algo fantasiado em sambas dominicais

E quantas Juras

Crianças.
A exclamação some
e o reflexo impulsivo
retorna ao seu devido lugar

A dor renasce

Sentimentos
onde a porta é a serventia
balbuciados por
uma infelicidade monumental

Chorem

Nobres crianças, onde a vida é o pião
girando no granito

Paulo Reis

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Irmão, amigo....


Te vi estranho quando tentavas inventar
um idioma para comigo falar.

Te vi criança, quando fostes meu companheiro
nas brincadeiras da infância.

Te vi orgulhoso, quando dizias que encontrava
em mim a tua semelhança.

Te vi amigo nas horas que encontrava tuas
mãos a me amparar.

Te vi adversário, quando teus cuidados fizeram
algo me negar.

Te vi alegre, quando compartilhamos vitórias e
emoções.

Te vi forte, para me incentivar quando
tua vontade era chorar.

Te vi fraco, para me mostrar, que as vezes
caimos, mas o importante é ter forças para
levantar.

Te vi apreensivo, quando comecei a criar asas
para vôos independentes alçar...

E por tudo que eu vi hoje eu posso afirmar
que és muito mais que um irmão....
Um ser humano sempre tentando acertar...
Um grande e eterno amigo!
O amigo que se quer ter, e em ti pude
encontrar.
E assim sempre será meu grande
amigo e irmão.
Hoje comemoro com você o seu aniversário,
como se fosse um pouco do meu.
Que você seja sempre íntegro, forte e
amado por todos.
Feliz aniversário, te adoro muito.
Parabéns!

(Daniela Albino)
04/02/2009

Vou fazer um comentário na própria postagem: foi o melhor presente
que ganhei. Amo e tenho muito orgulho dessa linda moça.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Rio do anil

Essa canção é muito mais do que você e eu e nós
É pra você, sobre você e muito mais que você não vai nem saber
Mas eu preciso me expressar
Eu não podia simplesmente ignorar você pra mim

Seus olhos, seu cabelo, seu jeito de sorrir
A sua voz, o seu olhar, a minha vida, o seu caminhar
Então eu faço essa canção pra te mostrar
Que você é linda, que como você não há...

...E que você eu vou querer pra minha vida inteira
O meu amor é grande e tanto pra existir (e existe sim)
Mas não é grande pra poder te amar assim
O meu amor não vai trazer você pra mim

O meu amor não vai trazer você pra mim
O meu amor não vai trazer você pra mim
O meu amor não vai trazer você pra mim

(Túlio Marquês)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sentimentos litorâneos

Os tempos mudaram
bocas secas de antes
abrem passagem
e as parótidas jorram

As feridas fecham
ondas litorâneas
água benta
e seu batismo está feito

O peito abre
a cabeça
dona de sí
lamenta a inesperada chegada

Os triângulos tocam
o bumbo ressoa
o violão dá as boas vindas
para a dança da vida

São Pedro concede lincença
onde era asfalto, vira mar
o destino se traça
e tudo se renova

Quem duvida
quanto sentimento havia alí
regado a essência de maçã?

Aos devotos de São tomé
mando abraços de São Pedro
e mesmo sem ver sentimentos
passo a acreditar nos litorâneos.

Paulo Reis

Litoral


Os coqueiros
grandes e belos
fazem o barulho da chuva

A lua
parecida com a pupila de um dragão
brilha
no mar, no rosto de quem sabe amar

A areia
fina e fria
amortece
o entrecruzar de jovens pernas

E o vento
com bastante leveza
sussura nos ouvidos arrepiados.

(Thiago Albino)

TAMAR


Tão belo é o encontro da tartaruguinha com o mar
passos curtos, sem direção e apressados
algumas se perdem
outras resolvem nem sair do ovo.

O trabalho é arduo
60 dias de espera
119 irmãos
50 cm abaixo do chão

A descida pela praia parece uma infinidade
siris, pássaros aguardam tão ansiosos como os turistas
mais uma batalha vencida
e como prêmio as ondas do mar,
refresco, beleza e mistério
a cada etapa um peixe
uma nova posição na cadeia alimentar

Novos mares, países, até oceanos
poucos restaram
mas ao local de origem devem voltar
talvez
não só para procriar
talvez
para alegrar aqueles que
fazem dessa trajetória
parte da sua história.

(Thiago Albino e Mariana Oliveira)

da forma mais sincera, parabéns para todos envolvidos nesse projeto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Igualdade social


Não é verdade o dito popular de que pobre e rico se encontram no momento em que nascem e que morrem. As maternidades finas são silenciosas com médicos 30 horas de plantão, os partos são marcados 9 meses antes e os bebês já nascem cheirosos. Nos cemitérios de última geração que pra mim são shoppings com boullevard, a única coisa que não lhe são veiculados é a tristeza. Os caixões possuem muito mais madeira do que todas as camas que alguns menos favorecidos deitaram em toda a vida. Por outro lado, as maternidades e cemitérios públicos parecem um campo de batalha, onde se luta por leitos, lápides, pela mínima dignidade.
Já os engraçadinhos inspirados pelo velho guerreiro diriam que no trono somos todos iguais. Doce ilusão. Iorgutes, fibras, dieta balanceada ganham e muito em eficácia contra superstição, chás. Entretanto, acho graça que além disso as madames exijam silêncio.
O futebol durante muito tempo foi a minha aposta sobre o evento que representasse a igualdade social. Favorecidos ou não sofrem, pulam, comemoram da mesma forma. Enxergam jogadas da mesma maneira, mas enfrentam filas de formas antagônicas, tem acesso diferente ao espetáculo e aos membros coordenadores de seu time. A camisa de um é oficial e autografada, do outro, quando não velha e rasgada, é de esquina ou usada.
Ficou a dúvida, o que nos une nesse país de dimensão continental? O que a classe financeiramente dominante tem de interseção com a classe desprovida de renda? Na política a influência e o poder real de mudanças é restrito, educação e cultura não há nada digno de nota.
Fui encontrar a resposta quando já estava desanimado e triste. Resolvi escquecer a dúvida, sentei em um bar e pronto. Ao pedir minha habitual cerveja gelada encontrei o tesouro. Olhei em volta, observei um grupo de terno bebendo o mesmo líquido quase sagrado que um grupo descontraido com roupas sujas de tinta.
O copo normalmente é diferente, um é lagoinha, outro é desenvolvido para manter a homogenidade e temperatura. A marca é diferente, mas a cevada e o álcool em concentrações baixas sempre prevalecerá. A cerveja é a ponte que ligas as duas ilhas sociais. Em uma ilha há o whisky, os finos scott bar, com gelo e música estrangeira, na outra há a cachaça e torresmo nos sujos bares de rua com seus pandeiros desafinados, entretanto no meio exato e com mesmo grau de aceitação e invasão está o líquido de origem alemã que há muito tempo foi adotado e é enraizado pela cultura nacional. Um brinde a cerveja, único evento social capaz de unir patrão e empregado fora do horário de trabalho.
Thiago Albino

Contagem Regressiva


Outros 365 dias se passaram, de novo começa a contagem e as ondas preparam para quebrarem suavemente. Como de costume não seguro nenhuma garrafa de bebida alcólica, coloco minhas mãos nos bolsos confortáveis e fecho os olhos.
É automático, faço uma retrospectiva inconsciente nos tão aguardados 10 segundos. Inevitável não escutar a música mais marcante do ano, que não está tocando, Janta.
Não crio nenhuma pretensão maluca, não mudarei da noite para o dia, minha vida apesar de intensa, não é tão instável.
Não costumo pedir muito, pois não dá tempo, prefiro largar a ambição de querer que o próximo seja o melhor e como curto rever risadas, beijos, bobagens, viagens.
Que amanhã eu acorde ao lado da felicidade para que os novos 365 sejam bons para ocupar seus últimos segundos.
Thiago Albino

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Férias

Pessoal
Eu e Thiago estamos de viagem até fim de janeiro

Estamos escrevendo muito e em 2009 o Poemas Mineiros terá grandes novidades


Obrigado a todos pelo 2008 de poesia
e sinceros sentimentos

Um grande abraço
Paulo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Amigos leitores,

obrigado pelas visitas, sugestões e acima de tudo pela amizade......

um ótimo natal e final de ano,
que 2009 seja um ano feliz.

Um abraço especial para:

Paulo
Mariana(tuca)
Tia Helena
Thaiane
(visitantes assíduas, queridas e companheiro 100%)

e enquanto isso isso, toda vez que bebo, fico com os dedos coçando para escrever!

Thiago Albino

Cheiro

-Onde estará o seu cheiro?
-Perdido entre outros.
Coitado do querido
que não mais tão querido
chora
onde ninguém mais importa

Chora na esquina
que o medo do desamor
cresce como pau brasil
adubado pela terra
que ninguém mais importa
nem o ex-amor.

Mas no meu Brasil
tantos outros choraram
que minha dor
juro
em outros
viraram amor
e afirmo
que não sei mais
responder
onde estará seu cheiro?

Paulo e Thiago

Células tronco

Grupos religiosos não podem impor crenças.

A aprovação do uso , no início de 2005 , de células-tronco embrionárias para a pesquisa científica foi um grande passo para o país. O Brasil, como um estado laico, não deve ter suas decisões políticas influenciadas por grupos religiosos. As religiões, é claro, precisam ser respeitadas, porém nenhum grupo religioso deve impor sua crença ,como se esta fosse uma verdade inquestionavel, ao restante da sociedade. Esta, por sinal, evoluiu muitos, pois, séculos atrás, queimava hereges na fogueira por não suportar as diferentes crenças deles. Não seria hora de retroceder e deixar que valores religiosos de determinados grupos atrasem o progresso do país.


Marcos Victor Prosdocimi Diniz.

R$ 1,80


Tenho pena deste caderno
Aturar minha criatividade
Assistir às minhas paixões
Enxugar minhas canções.....

Tenho inveja deste caderno
Aturar minha criatividade
Assistir às minhas paixões
Enxugar minhas lágrimas
Escutar minhas canções
Tenho a benção de ter este caderno
Transformar este em esse
e aguardar quais acordes poderão entrar.

Thiago Albino

Me reprimo


É completamente incoerente e injusta a insegurança que habitou o meu ser. Os desejos já foram realizados, o final de semana passou e junto vieram elas, cervejas, amigos, violão, sol, chuva, futebol e mais elas. Mas o desejo que ficou, foi de beijar o beijo de um tempo atrás, o que talvez tenha sido menosprezado, pouco amado.

Me cerco com as visões de que novo sofrimento seria inevitável, mas que não falta vontade para mandar tudo para os ares e esquecer, não falta. – que vontade de beijar a mulher que há pouco me dava as mãos.

Outubro

Thiago Albino

Passado ou futuro

Quantas mágoas, quantas tristezas já causei?
Algumas mulheres já foram felizes na minha cama
e as mesmas já foram tristes em tantos locais.

Não lhe prometo a eternidade
Isso você pode guardar num envelope,
Mandar para seu inimigo e aguardar.....
A eternidade é feita de intensidade
e pode ter certeza
te dou sem pedir.

Menti, trai, escondi, bebi
todos os verbos ruins terminam com i.
Se não terminassem......
não estaria com você.

Machuquei algumas meninas
e machucaria outras tantas
até aprender a não ofender quem amo,
até aprender a transformar
o eu te amo em estou te amando
transformar toda intensidade
aos poucos em nossa intensidade
pois sem isso, restaria
posso mudar, posso te merecer e te amar.

( Thiago Albino )

Rita de Cássia


Santa Rita de Cássia, Ritinha,
Amiga de infância,
Admirei tua santidade, teus milagres,
Teu privilégio de filha escolhida,
Teu hábito de freira – túnica comprida, panejamentos,
véu na cabeça- vestimenta de rainha.
Minha rainha, escutai-me!
Rita de Cássia em teu trono de santa
Cuidai de meus pecados, são meus feitos melhores.

(Helena Galvão Albino)

Alienado bom de boca


O jornal mancha a mão
As notícias mancham a alegria
Suja por fora e por dentro
Melhor vendê-lo por alguns trocados
ao catador de papel
Comprar chiclete de hortelã
E ruminar a doçura e o frescor.

(Helena Albino)

Auto de nascimento


Chorou
Abriu os olhos, mamou e chorou.
Toco ferido na barriga,
Mercúrio, gaze, algodão e lã.
Dormiu e chorou,
Ouviu, cheirou, tocou e chorou.
Vida desgarrada
É chorar sem fim.

(Helena Galvão Albino)

Os grilos


Dúbio pensar a origem desse momento. Não seria redundante pensar que a causa sempre foi triste e sempre foi alegre. Me cerco, parado e sempre aos finais da noite, da vontade de descobrir o que me levou a ser o hoje. Infinitas variáveis entram na minha rondante cabeça. Mas, algo, sereno, invadiu tudo e criou a vontade de sentir; boa noite.
Thiago Albino

Vocês

Hoje vejo tudo que me aconteceu, me ocupou por tanto tempo
Hoje tudo é tão mais claro do que aquilo que ja passou
Hoje o que um dia se tratava só de solidão
É tão fácil, tão simples de compreender.

É possível viver sem ter você
É possível ser feliz sem você
É possível amar que não você
É possível não pensar mais em você
E hoje eu vivo eu não preciso de você
Pra que querer que tudo volte a ser como foi
Pra que chorar por não ter feito o que lhe propôs
O tempo trouxe novos ventos e pessoas
e conquistas e coragem de saber que já não dava mais.

E quando eu mais me vi sozinho
E quando eu mais me vi perdido
Você chegou e me fez enxergar que era possível amar outra vez
Era possível amar outra vez
E é possível amar outra vez.

( Túlio Marquês )

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Brasil: Um país de todos!


O encontro do papel
com a caneta
nobre leitor
não acontece ao acaso

Acaso, é a bala sortida
é a bala perdida
cravada no barracão
e no peito do mulato

Carroças de papelão
por um preço barato
e mostra que o suor digno
é o pão do mulato

Pão que sobra
que dorme
Pão que murcha
e vira pedra
Pão ingrato

Corpo de cristo
embebido em um cálice de sangue
sangue das mãos cortadas
no encontro do facão com a cana

E como um falcão
urubus disputam restos
com a criança
no brejo da cruz

E o menino de nome jesus
sofre
chibatadas no coração
e na cabeça

Acaso meu amigo
é a nossa mudez
que cravam balas perdidas
e sortidas
pela guela a dentro

Acaso, nobre leitor
é a burrice de dizer
que o Brasil
é um país de todos

Paulo Reis

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Setembro

Sofrer, chorar,
verbos pra uma vida toda,
é como o fim de uma era,
serve como renascença, recomeço,
é como o inverno precedendo a primavera.

Se não sofri, não chorei.
Logo, não vivi............
Que a primavera me mostre o verão,
o ciclo sempre fechará.

As folhas sempre cairão
com você, com ela.....
Sempre comigo.

Algum dia,
independente do dia,
Me desculpe a rima
Mas tenho certeza,
a primavera encantará
e a felicidade...
Aqui está!

(Thiago Albino/Túlio Marquês)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Gargalhada

Quando me disseste que não mais me amavas,

e que ias partir,

dura, precisa, bela e inabalável,

com a impassibilidade de um executor,

dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias...

Mas olhei-te bem nos olhos,

belos como o veludo das lagartas verdes,

e porque já houvesse lágrimas nos meus olhos,

tive pena de ti, de mim, de todos,

e me ri

da inutilidade das torturas predestinadas,

guardadas para nós, desde a treva das épocas,

quando a inexperiência dos Deuses

ainda não criara o mundo..

João Guimarães Rosa

domingo, 30 de novembro de 2008

Dias de amor


Para maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 30 de novembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão entrando de férias. Mas para Pereira, um garoto reclamão e carente do bairro Santa Efigênia é um dia diferente.
Pereira é apaixonado por Maria, uma mocinha preguiçosa de caninos pontudos que os usa tanto para morder quanto para sorrir.
Maria Teixeira Soares mora em Santa Tereza numa rua sem saída. Já Pereira Men de Sá mora em Santa Efigênia numa avenida que não passa ônibus. Moram relativamente perto.
Maria vive para os amigos e família. Usa dos poderes da covinha para conquistá-los.
Pereira ama os amigos apesar das madrugadas de vídeo game se tornarem cada vez mais raras. Família ele também ama, apesar das discussões por copos e roupas no chão.
Conheceram-se quando tinham que se conhecer e se beijaram quando tinham que se beijar. Maria andava com os pés bem atrás. Usava o olho mágico para abrir as portas e janelas de sua casa. Isso o encantava. Pereira queria ir entrando, sentando no sofá, comer um misto quente e pegar o controle da televisão. Isso a encantava.
Entre encantos e barrancos (me desculpe o trocadilho). Entre surpresas e carinhos, entre cubanos e mexicanos eles se deram uma chance.
Certo aquele que disse que os opostos se distraem e os dispostos se atraem.
Certo aquele que não desistiu. Certa aquela que não se esvaiu.
Ambos estavam certos, que sorte. Entre tantos anos, entre tantos outros.

Para a maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 1 de dezembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão começando a ter sonhos natalinos.
Mas para Pereira é um dia diferente, é o dia de reinventar o amor.

Paulo Reis

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mãos atadas



Acomodamos,
perdemos o frio na barriga
o prazer do novo
do inusitado

Acomodamos,
nossos jantares
sempre tão alegres
já não tem a mesma graça

Acomodamos
e acumulamos ofensas
desrespeitos
brigas banais

Acomodamos
e cuspimos imperfeições
um no outro

Acomodamos
e amadurecemos,
ficamos donos da razão
dignos de sí próprio
não um do outro

Acomodamos,
deleitamos agora
com nossos longos beijos
de três segundos

Acomodamos,
nos mesmos apelidos
nas mesmas brincadeiras
que já não tem a mesma graça

Acomodamos,
rotineiramente
paulatinamente
estúpidamente

Acomodamos,
e quem nunca se acomodou
que atire a primeira pedra

Paulo Reis

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Gaze


Uma só não serve para nada
Um conjunto tem muita finalidade
Nenhuma impede uma operação
Uma dentro da barriga é inflamação
E o mais importante,
com um S no final
é motivo de reclamação.

Thiago Albino