segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sentimentos litorâneos

Os tempos mudaram
bocas secas de antes
abrem passagem
e as parótidas jorram

As feridas fecham
ondas litorâneas
água benta
e seu batismo está feito

O peito abre
a cabeça
dona de sí
lamenta a inesperada chegada

Os triângulos tocam
o bumbo ressoa
o violão dá as boas vindas
para a dança da vida

São Pedro concede lincença
onde era asfalto, vira mar
o destino se traça
e tudo se renova

Quem duvida
quanto sentimento havia alí
regado a essência de maçã?

Aos devotos de São tomé
mando abraços de São Pedro
e mesmo sem ver sentimentos
passo a acreditar nos litorâneos.

Paulo Reis

Litoral


Os coqueiros
grandes e belos
fazem o barulho da chuva

A lua
parecida com a pupila de um dragão
brilha
no mar, no rosto de quem sabe amar

A areia
fina e fria
amortece
o entrecruzar de jovens pernas

E o vento
com bastante leveza
sussura nos ouvidos arrepiados.

(Thiago Albino)

TAMAR


Tão belo é o encontro da tartaruguinha com o mar
passos curtos, sem direção e apressados
algumas se perdem
outras resolvem nem sair do ovo.

O trabalho é arduo
60 dias de espera
119 irmãos
50 cm abaixo do chão

A descida pela praia parece uma infinidade
siris, pássaros aguardam tão ansiosos como os turistas
mais uma batalha vencida
e como prêmio as ondas do mar,
refresco, beleza e mistério
a cada etapa um peixe
uma nova posição na cadeia alimentar

Novos mares, países, até oceanos
poucos restaram
mas ao local de origem devem voltar
talvez
não só para procriar
talvez
para alegrar aqueles que
fazem dessa trajetória
parte da sua história.

(Thiago Albino e Mariana Oliveira)

da forma mais sincera, parabéns para todos envolvidos nesse projeto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Igualdade social


Não é verdade o dito popular de que pobre e rico se encontram no momento em que nascem e que morrem. As maternidades finas são silenciosas com médicos 30 horas de plantão, os partos são marcados 9 meses antes e os bebês já nascem cheirosos. Nos cemitérios de última geração que pra mim são shoppings com boullevard, a única coisa que não lhe são veiculados é a tristeza. Os caixões possuem muito mais madeira do que todas as camas que alguns menos favorecidos deitaram em toda a vida. Por outro lado, as maternidades e cemitérios públicos parecem um campo de batalha, onde se luta por leitos, lápides, pela mínima dignidade.
Já os engraçadinhos inspirados pelo velho guerreiro diriam que no trono somos todos iguais. Doce ilusão. Iorgutes, fibras, dieta balanceada ganham e muito em eficácia contra superstição, chás. Entretanto, acho graça que além disso as madames exijam silêncio.
O futebol durante muito tempo foi a minha aposta sobre o evento que representasse a igualdade social. Favorecidos ou não sofrem, pulam, comemoram da mesma forma. Enxergam jogadas da mesma maneira, mas enfrentam filas de formas antagônicas, tem acesso diferente ao espetáculo e aos membros coordenadores de seu time. A camisa de um é oficial e autografada, do outro, quando não velha e rasgada, é de esquina ou usada.
Ficou a dúvida, o que nos une nesse país de dimensão continental? O que a classe financeiramente dominante tem de interseção com a classe desprovida de renda? Na política a influência e o poder real de mudanças é restrito, educação e cultura não há nada digno de nota.
Fui encontrar a resposta quando já estava desanimado e triste. Resolvi escquecer a dúvida, sentei em um bar e pronto. Ao pedir minha habitual cerveja gelada encontrei o tesouro. Olhei em volta, observei um grupo de terno bebendo o mesmo líquido quase sagrado que um grupo descontraido com roupas sujas de tinta.
O copo normalmente é diferente, um é lagoinha, outro é desenvolvido para manter a homogenidade e temperatura. A marca é diferente, mas a cevada e o álcool em concentrações baixas sempre prevalecerá. A cerveja é a ponte que ligas as duas ilhas sociais. Em uma ilha há o whisky, os finos scott bar, com gelo e música estrangeira, na outra há a cachaça e torresmo nos sujos bares de rua com seus pandeiros desafinados, entretanto no meio exato e com mesmo grau de aceitação e invasão está o líquido de origem alemã que há muito tempo foi adotado e é enraizado pela cultura nacional. Um brinde a cerveja, único evento social capaz de unir patrão e empregado fora do horário de trabalho.
Thiago Albino

Contagem Regressiva


Outros 365 dias se passaram, de novo começa a contagem e as ondas preparam para quebrarem suavemente. Como de costume não seguro nenhuma garrafa de bebida alcólica, coloco minhas mãos nos bolsos confortáveis e fecho os olhos.
É automático, faço uma retrospectiva inconsciente nos tão aguardados 10 segundos. Inevitável não escutar a música mais marcante do ano, que não está tocando, Janta.
Não crio nenhuma pretensão maluca, não mudarei da noite para o dia, minha vida apesar de intensa, não é tão instável.
Não costumo pedir muito, pois não dá tempo, prefiro largar a ambição de querer que o próximo seja o melhor e como curto rever risadas, beijos, bobagens, viagens.
Que amanhã eu acorde ao lado da felicidade para que os novos 365 sejam bons para ocupar seus últimos segundos.
Thiago Albino

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Férias

Pessoal
Eu e Thiago estamos de viagem até fim de janeiro

Estamos escrevendo muito e em 2009 o Poemas Mineiros terá grandes novidades


Obrigado a todos pelo 2008 de poesia
e sinceros sentimentos

Um grande abraço
Paulo