quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Amigos leitores,

obrigado pelas visitas, sugestões e acima de tudo pela amizade......

um ótimo natal e final de ano,
que 2009 seja um ano feliz.

Um abraço especial para:

Paulo
Mariana(tuca)
Tia Helena
Thaiane
(visitantes assíduas, queridas e companheiro 100%)

e enquanto isso isso, toda vez que bebo, fico com os dedos coçando para escrever!

Thiago Albino

Cheiro

-Onde estará o seu cheiro?
-Perdido entre outros.
Coitado do querido
que não mais tão querido
chora
onde ninguém mais importa

Chora na esquina
que o medo do desamor
cresce como pau brasil
adubado pela terra
que ninguém mais importa
nem o ex-amor.

Mas no meu Brasil
tantos outros choraram
que minha dor
juro
em outros
viraram amor
e afirmo
que não sei mais
responder
onde estará seu cheiro?

Paulo e Thiago

Células tronco

Grupos religiosos não podem impor crenças.

A aprovação do uso , no início de 2005 , de células-tronco embrionárias para a pesquisa científica foi um grande passo para o país. O Brasil, como um estado laico, não deve ter suas decisões políticas influenciadas por grupos religiosos. As religiões, é claro, precisam ser respeitadas, porém nenhum grupo religioso deve impor sua crença ,como se esta fosse uma verdade inquestionavel, ao restante da sociedade. Esta, por sinal, evoluiu muitos, pois, séculos atrás, queimava hereges na fogueira por não suportar as diferentes crenças deles. Não seria hora de retroceder e deixar que valores religiosos de determinados grupos atrasem o progresso do país.


Marcos Victor Prosdocimi Diniz.

R$ 1,80


Tenho pena deste caderno
Aturar minha criatividade
Assistir às minhas paixões
Enxugar minhas canções.....

Tenho inveja deste caderno
Aturar minha criatividade
Assistir às minhas paixões
Enxugar minhas lágrimas
Escutar minhas canções
Tenho a benção de ter este caderno
Transformar este em esse
e aguardar quais acordes poderão entrar.

Thiago Albino

Me reprimo


É completamente incoerente e injusta a insegurança que habitou o meu ser. Os desejos já foram realizados, o final de semana passou e junto vieram elas, cervejas, amigos, violão, sol, chuva, futebol e mais elas. Mas o desejo que ficou, foi de beijar o beijo de um tempo atrás, o que talvez tenha sido menosprezado, pouco amado.

Me cerco com as visões de que novo sofrimento seria inevitável, mas que não falta vontade para mandar tudo para os ares e esquecer, não falta. – que vontade de beijar a mulher que há pouco me dava as mãos.

Outubro

Thiago Albino

Passado ou futuro

Quantas mágoas, quantas tristezas já causei?
Algumas mulheres já foram felizes na minha cama
e as mesmas já foram tristes em tantos locais.

Não lhe prometo a eternidade
Isso você pode guardar num envelope,
Mandar para seu inimigo e aguardar.....
A eternidade é feita de intensidade
e pode ter certeza
te dou sem pedir.

Menti, trai, escondi, bebi
todos os verbos ruins terminam com i.
Se não terminassem......
não estaria com você.

Machuquei algumas meninas
e machucaria outras tantas
até aprender a não ofender quem amo,
até aprender a transformar
o eu te amo em estou te amando
transformar toda intensidade
aos poucos em nossa intensidade
pois sem isso, restaria
posso mudar, posso te merecer e te amar.

( Thiago Albino )

Rita de Cássia


Santa Rita de Cássia, Ritinha,
Amiga de infância,
Admirei tua santidade, teus milagres,
Teu privilégio de filha escolhida,
Teu hábito de freira – túnica comprida, panejamentos,
véu na cabeça- vestimenta de rainha.
Minha rainha, escutai-me!
Rita de Cássia em teu trono de santa
Cuidai de meus pecados, são meus feitos melhores.

(Helena Galvão Albino)

Alienado bom de boca


O jornal mancha a mão
As notícias mancham a alegria
Suja por fora e por dentro
Melhor vendê-lo por alguns trocados
ao catador de papel
Comprar chiclete de hortelã
E ruminar a doçura e o frescor.

(Helena Albino)

Auto de nascimento


Chorou
Abriu os olhos, mamou e chorou.
Toco ferido na barriga,
Mercúrio, gaze, algodão e lã.
Dormiu e chorou,
Ouviu, cheirou, tocou e chorou.
Vida desgarrada
É chorar sem fim.

(Helena Galvão Albino)

Os grilos


Dúbio pensar a origem desse momento. Não seria redundante pensar que a causa sempre foi triste e sempre foi alegre. Me cerco, parado e sempre aos finais da noite, da vontade de descobrir o que me levou a ser o hoje. Infinitas variáveis entram na minha rondante cabeça. Mas, algo, sereno, invadiu tudo e criou a vontade de sentir; boa noite.
Thiago Albino

Vocês

Hoje vejo tudo que me aconteceu, me ocupou por tanto tempo
Hoje tudo é tão mais claro do que aquilo que ja passou
Hoje o que um dia se tratava só de solidão
É tão fácil, tão simples de compreender.

É possível viver sem ter você
É possível ser feliz sem você
É possível amar que não você
É possível não pensar mais em você
E hoje eu vivo eu não preciso de você
Pra que querer que tudo volte a ser como foi
Pra que chorar por não ter feito o que lhe propôs
O tempo trouxe novos ventos e pessoas
e conquistas e coragem de saber que já não dava mais.

E quando eu mais me vi sozinho
E quando eu mais me vi perdido
Você chegou e me fez enxergar que era possível amar outra vez
Era possível amar outra vez
E é possível amar outra vez.

( Túlio Marquês )

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Brasil: Um país de todos!


O encontro do papel
com a caneta
nobre leitor
não acontece ao acaso

Acaso, é a bala sortida
é a bala perdida
cravada no barracão
e no peito do mulato

Carroças de papelão
por um preço barato
e mostra que o suor digno
é o pão do mulato

Pão que sobra
que dorme
Pão que murcha
e vira pedra
Pão ingrato

Corpo de cristo
embebido em um cálice de sangue
sangue das mãos cortadas
no encontro do facão com a cana

E como um falcão
urubus disputam restos
com a criança
no brejo da cruz

E o menino de nome jesus
sofre
chibatadas no coração
e na cabeça

Acaso meu amigo
é a nossa mudez
que cravam balas perdidas
e sortidas
pela guela a dentro

Acaso, nobre leitor
é a burrice de dizer
que o Brasil
é um país de todos

Paulo Reis

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Setembro

Sofrer, chorar,
verbos pra uma vida toda,
é como o fim de uma era,
serve como renascença, recomeço,
é como o inverno precedendo a primavera.

Se não sofri, não chorei.
Logo, não vivi............
Que a primavera me mostre o verão,
o ciclo sempre fechará.

As folhas sempre cairão
com você, com ela.....
Sempre comigo.

Algum dia,
independente do dia,
Me desculpe a rima
Mas tenho certeza,
a primavera encantará
e a felicidade...
Aqui está!

(Thiago Albino/Túlio Marquês)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Gargalhada

Quando me disseste que não mais me amavas,

e que ias partir,

dura, precisa, bela e inabalável,

com a impassibilidade de um executor,

dilatou-se em mim o pavor das cavernas vazias...

Mas olhei-te bem nos olhos,

belos como o veludo das lagartas verdes,

e porque já houvesse lágrimas nos meus olhos,

tive pena de ti, de mim, de todos,

e me ri

da inutilidade das torturas predestinadas,

guardadas para nós, desde a treva das épocas,

quando a inexperiência dos Deuses

ainda não criara o mundo..

João Guimarães Rosa

domingo, 30 de novembro de 2008

Dias de amor


Para maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 30 de novembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão entrando de férias. Mas para Pereira, um garoto reclamão e carente do bairro Santa Efigênia é um dia diferente.
Pereira é apaixonado por Maria, uma mocinha preguiçosa de caninos pontudos que os usa tanto para morder quanto para sorrir.
Maria Teixeira Soares mora em Santa Tereza numa rua sem saída. Já Pereira Men de Sá mora em Santa Efigênia numa avenida que não passa ônibus. Moram relativamente perto.
Maria vive para os amigos e família. Usa dos poderes da covinha para conquistá-los.
Pereira ama os amigos apesar das madrugadas de vídeo game se tornarem cada vez mais raras. Família ele também ama, apesar das discussões por copos e roupas no chão.
Conheceram-se quando tinham que se conhecer e se beijaram quando tinham que se beijar. Maria andava com os pés bem atrás. Usava o olho mágico para abrir as portas e janelas de sua casa. Isso o encantava. Pereira queria ir entrando, sentando no sofá, comer um misto quente e pegar o controle da televisão. Isso a encantava.
Entre encantos e barrancos (me desculpe o trocadilho). Entre surpresas e carinhos, entre cubanos e mexicanos eles se deram uma chance.
Certo aquele que disse que os opostos se distraem e os dispostos se atraem.
Certo aquele que não desistiu. Certa aquela que não se esvaiu.
Ambos estavam certos, que sorte. Entre tantos anos, entre tantos outros.

Para a maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 1 de dezembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão começando a ter sonhos natalinos.
Mas para Pereira é um dia diferente, é o dia de reinventar o amor.

Paulo Reis

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mãos atadas



Acomodamos,
perdemos o frio na barriga
o prazer do novo
do inusitado

Acomodamos,
nossos jantares
sempre tão alegres
já não tem a mesma graça

Acomodamos
e acumulamos ofensas
desrespeitos
brigas banais

Acomodamos
e cuspimos imperfeições
um no outro

Acomodamos
e amadurecemos,
ficamos donos da razão
dignos de sí próprio
não um do outro

Acomodamos,
deleitamos agora
com nossos longos beijos
de três segundos

Acomodamos,
nos mesmos apelidos
nas mesmas brincadeiras
que já não tem a mesma graça

Acomodamos,
rotineiramente
paulatinamente
estúpidamente

Acomodamos,
e quem nunca se acomodou
que atire a primeira pedra

Paulo Reis

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Gaze


Uma só não serve para nada
Um conjunto tem muita finalidade
Nenhuma impede uma operação
Uma dentro da barriga é inflamação
E o mais importante,
com um S no final
é motivo de reclamação.

Thiago Albino

domingo, 23 de novembro de 2008

Poema que aconteceu

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.


A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Revolução negra


A Revolução veio pela tv
Foi mastigada em jornais
Em massa pela internet
Ontem, prédios do império ruiram
Hoje Outro momento histórico

A Revolução foi live
A história é ao vivo
Nasce uma nova américa
cheia de esperança
no tubo

Foi on the fly
CNN em holografias
Wall street journal
MSNBC em widget
pariram uma nova américa

Um filho negro
como King
cala o racismo
sem sangue
sem guerra

A bandeira branca
levantada entre raças
veio pelas mãos democráticas
a revolução meus amigos
é negra

Seu Barba e Paulo Reis

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Singelo


Gostaria que tudo antes, fosse nada.
Quem me dera beijar a boca que para sempre será minha....
Nunca antes tenha sido beijada
talvez,
por ciúmes
você fale o mesmo de mim
mas nunca antes
nem nunca ousei dizer
fique......
fique para sempre.

Senti com você
uma vontade de me completar só
de te querer mais, cada vez mais....
para juntos sermos só como nunca fomos.
Para sabermos que seremos mais felizes
um do lado do outro....do que do outro.
Pois não
Fique
Fique para sempre.

Thiago Albino

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Auto-Biografia



Perdoarei
por seus desencontros
internos que,
se tornam externos
a qualquer desatenção

Perdoarei
"por fazeres mil perguntas
que vidas que andam juntas
ninguém faz"

Não insista
pelo meu perdão

Insegura-se de si
para si

Abra-te os olhos
a moldura é clara
é simples

Perdoarei
por esqueceres a métrica
por dançaste sem rimas
por confiar
com os pés bem atrás

Paulo Reis

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Acaso

O acaso são as mãos do deus Baco
não são das deusas do amor, da sinceridade
pois elas não saem de casa depois da meia-noite
essas deusas assistem da combinação, do "arranjamento"

Baco ficou viciado em vinho, coitado,
quando o acaso o fez perde uma grande paixão.
Revoltado, sem nada poder fazer,
roubou o direito dos outros deuses de usarem o acaso.

Brinca de criar paixões, dúvidas, incertezas,
faz acontecer encontros esperados ou não.
Resumindo,
ele possui um dos sentidos da vida: o inesperado.

Aos poucos foi aprimorando suas táticas para concluir as proezas
inventou na África o samba
na Europa o rock
e na América o eletrônico

Deu vida à alguns poetas primorosos
que expressavam através de seus dedos
os desejos de um deus vazio mas feliz.


Mas, cansado de tanta repetição,
Baco queria um acaso
que não virasse só um caso de bar.
Queria um acaso que compensasse a perda da sua grande paixão
e num estalo de dedos, em mais uma noite na casa dos deuses,
um jovem louro cheio de expectativa
encontrou uma moça linda " com blusa listrada" cheia de dúvida.

thiago albino

domingo, 9 de novembro de 2008

Já não vou mais



Letra: Túlio Marques
Interpretação: Expalhasamba e Excluidos
CD: Ao vivo em S. José da Lapa
Diretor: Rodrigo T. Gontijo

Versos da afinidade sem fim



Entre Kubrikcs
e Bossas
Numa odisséia me lançei
em um espaço musical
de afinidades Vinicianas

E como num samba,
de ritmos dobrados
senti-me extasiado
emaranhado
em afinidades cotidianas

E quantas Marias
Madalenas
Helenas e Anas
encontrei-me com a amizade
em uma afinade chamada Fernanda

É a dos filmes
Das músicas
dos dentes
dos livros
e o espelho da minha alma se multiplica

Paulo Reis

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Rua saudade


Atravesso a rua
esqueço de olhar para os lados
nao meço as consequências
sem olhar pra trás
eu apenas vou

Sigo meu caminho
(creio não estar escrito)
acredito ter forças
no entando não me apoio mais
nas pessoas de sempre

Bebo e me sinto confuso
paranóico
busco uma válvula de escape
que nao vejo

Vou para outra rua
sigo meu caminho torto
sozinho beijo com lagrimas
a fronha do meu travesseiro

choro e lamento
conhecer a rua saudade.

Paulo Reis

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Nossa rotina


Aproveita....
Aproveita meu amigo,
Aproveita que não tem mais lágrima.

Sinta o gosto doce do medo, da solidão
Lute contra o desespero da ausência
Curta todas as presenças, por mais que durem apenas a madrugada.

Beba, beba ate entornar
Até sonhar em casar
Ressaca? Foi feita para curar.

Cante....
Para as loiras, morenas, ruivas,
baixas, intelectuais, fúteis, bonitas, feias,
cante até para as gordinhas,
cante para quem estiver ao seu lado.

Desfrute sua irmã,
ela tem muito a dizer,
sabe muito mais de mulher que você.

Conquiste, apaixone-se
e nesse momento, boa sorte.
Suas lágrimas já estarão prontas,
viva, viva o antigo misturado com o novo.
Viva uma nova mulher.

Thiago Albino

terça-feira, 4 de novembro de 2008

RECOMEÇAR

Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade.

Cegueira


Cotidiano
Solidão muda e cega
Imersa em uma banheira de pessoas
Que não vejo
Nem sinto.

Lacrimejo o desejo reprimido e
atiro copos na parede do meu peito
joelho e corpo
unidos pelos meus braços
fracos e castos
de tanto buscarem por você.

Me perco nesse vazio
da intensa escuridão das sombra dos rostos
que poderiam me fazer feliz.

Amanheço
no mesmo momento
que me sinto por inteiro seu.

Não importa se quem esbarro
e peço desculpas
seja diferente de ontem
Meus olhos são impedidos
de proporcionar sorriso
pois assim vivo
a cotidiana vontade de te enxergar.

Thiago Albino e Paulo Reis

sábado, 1 de novembro de 2008

Exemplo circular


O choro
tapas
gritos

o menino
olha
guarda

O pai rí
a mae chora
o menino treme

O menino cresce
tapas
gritos

O "menino" rí....

Paulo Reis

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Cuidado...


Cuidado!
Não pense que você pode trabalhar
as palavras despreocupadamente
como quem colhe goiabas em março
( seu prazer pode ir por água abaixo).
As palavras exigem reverência
para que se possa sorver delas a polpa suculenta,
no momento preciso em que as mãos
esticadas aparam o fruto maduro para o repasto.
(20.01.07)

Helena Galvão Albino

Fatalidade


Tudo que escrevo já foi escrito,
Ouvir estrelas, viver de brisa, subir aos céus.
Não sei ser original.
Me consolo dizendo: original foi Eva e seu pecado.
Sou muitas Evas depois.
Sem tentar Adão, sem viver no paraíso,
Comendo maçã na hora do lanche
No serviço público.

Helena Galvão Albino

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Minha mãe D. Dora

Vocês querem saber de quem sou filha?
Sou filha de D. Dora, a famosa D. Dora
Figura das mais conhecidas em Santa Tereza
Onde teve armazém, mercearia
Vendeu marmitas, sapatos, roupas do Ceará
Conquistou amigos, aliados, fez história
D. Dora, fiquem sabendo, é dinamismo.

Minha mãe diz que, em outra vida, foi homem
Eu acredito, e a visualizo como um general
Ou chefiando outras pessoas, desbravando
Enfrentando desafios, dando ordens
Tem características ditas masculinas
Poder de comando, dinamismo e disposição
D. Dora, fiquem sabendo, é mulher-macho.

Sofre com a dor do próximo
Quer ajudar, se preocupa com o outro
Encabeçou várias ações solidarias
Fez rifa para comprar radinho para deficiente
Arrecadou roupa para os pobres, pagou enterro
Pediu trabalho para desempregados
D. Dora, fiquem sabendo, é caridade.

Tem seu Lado doce, quer mimos
Gosta de agradar as visitas, dar presentes
Ciumenta com os filhos, possessiva
Galinha que quer os pintinhos debaixo das asas
Detesta brigas ou desarmonia entre os irmãos
Quer os filhos unidos, solidários
D. Dora, fiquem sabendo, é família.

Nunca foi mulher vaidosa
Não freqüentou clínicas de beleza, nem academias
Os cabelos sempre curtos, fáceis de pentear
Gosta das roupas práticas, funcionais
Cômodas, com grandes bolsos embutidos
Onde possa guardar chaves, documentos e dinheiro
D. Dora, fiquem sabendo, é praticidade.



Tem grande poder de desprendimento e abnegação
Esquece de si mesma para pensar nos outros
Tira do que tem para suprir quem tem falta
Dá presentes da natal para os motoristas de ônibus
Convida o carteiro para almoçar na sua mesa
Quer mais ajudar que ser ajudada
D. Dora, fiquem sabendo, é doação.

Nunca gostou de tarefas domésticas
Lavar, passar, cozinhar, limpar
Assumiu que não foi feita para isso
Gosta de ler jornal, acompanhar futebol
Viajar, visitar amigos, ser útil
Cuidar com muito gosto de suas plantas
D. Dora, fiquem sabendo, é liberdade.

Nunca teve vícios de bebida ou cigarro
Máculas de infidelidade ou egoísmo
Procura agir regida por princípios cristãos
Sem fazer nada que prejudique alguém
Acredita no bem acima do mal
Ensinou aos filhos lealdade e ética
D. Dora, fiquem sabendo, é honestidade.

Quando toma uma decisão, vai em frente
Como quando resolveu ser motorista
E enfrentar com coragem as estradas
Ou quando partiu sozinha para Fortaleza
Para ela nada é difícil ou impossível
Impaciente, não espera, quer tudo na hora
D. Dora, fiquem sabendo, é resolução



Gosta de lembrar da infância e juventude
Tem por sua mãe Helena veneração de santa
Ri quando se lembra de seus antigos pretendentes
Raimundinho cheiroso, Sebastião Andrade
Dos tempos em que, de madrugada, saía de bicicleta
Os namorados que perdeu para irmã Alayde
D. Dora, fiquem sabendo, é recordação.

Para cada filho faz novena de algum santo
Santa Terezinha, Santo Expedito, Santa Catarina
Nossa Senhora desatadora dos nós
Seguidora fiel de padre Marcelo Rossi
Mas se perde algum objeto, é infalível
A ajuda da alma de João ceguinho
D. Dora, fiquem sabendo, é devoção.

É assim que vejo minha mãe
Uma mulher fora dos padrões convencionais
É rocha, é “touro” de raça
Um ser de força, luta, coragem e decisão
Mas também carente no seu lado materno
Que quer ser amada,valorizada e cuidada
D. Dora, fiquem sabendo, é a minha mãe.

Maria Lúcia Galvão Albino

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Maria Carolina




Maria de cor
de humor
de mar
de ar
inundar

Nada mudou Maria
ainda somos nós
sem nos anular
sem nos cegar
vendo
sentindo
que ainda somos nós
cercado de todos

Olha Maria
Nao lamente
amigos nao se vão

Sinta maria
nao se decepcione
os bons ficarao

Sorria maria
seu sorriso lindo
franco
as vezes sem graça
mesmo para quem lhe
entristece

Seja intensa
veja a vida
com ingenuidade de maria
e o amor de carolina

Paulo Reis

domingo, 26 de outubro de 2008

a Perda


Não importa mais se te amo,
se te tenho,
se realmente te quero.
É insuportável viver o tempo todo consciente.
Até quando vou pensar em respirar?
Quantas outras piscadas vou notar?
As noites eram de sono.

Por que isso agora?
Tudo perde o significado.
Impossível cantar, trabalhar, beijar, rezar.
O meu pensamento só me leva à esse ciclo
que parece ser eterno
e pelo visto, vicioso.

Trocaria nosso passado pela minha inconsciência,
mas impossível voltar atrás.
Acho que dependo de você,
tudo começou por você,
preciso de você.
As palavras vão ficar repetitivas,
Pois a vida assim, também, é,
apenas faça carinho no meu rosto
que tudo passa.

Thiago Albino

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A festa dos anjos


O céu resolveu desabar. A chuva que ajudou a todos dormirem com seu barulho suave e nostálgico, agora deixa o quarto claro com seus raios pouco intervalados. São 2:45 am no relógio da cabeceira da cama de casal, entretanto devem ser 2:30, pois a mãe adora acordar mais cedo para fazer leite com chocolate e canela, bebida favorita de Isabela que há quatro anos é acordada carinhosamente no mesmo horário com uma mamadeira bem quente.

A mãe já aguardava a visita de sua filha na cama e não precisou esperar muito. O rostinho de choro deu origem a abraços, cafunés, beijos e uma breve história:

- Bela, Papai do céu está em todos os lugares, está com vovó, com suas amigas, com a Maria.

-Ele também está com o papai?

-Claro flor. Ele sempre faz com que o sol brilhe para você ver as árvores, para você ouvir os pássaros, pra você brincar. Deus faz tudo para que todos possam ser felizes, espertos e lindos como você. A filha respira profundamente como se aqueles elogios inconscientemente afirmasse que ela é especial, sempre será amada e a tempestade que destrói a cidade lá fora nunca alcançará sua cama. A mãe enrola mais os cachinhos de sua querida e continua:

-Deus trabalha por todos e as vezes El tira uma folga; não significa que ele parou de orar por nós, mas resolveu pensar um pouco mais nele. Os amigos são convidados, São Pedro, São Paulo, os anjos da guarda tiram uma folguinha do seu plantão, as santas incluindo Santa Tereza, sua protetora, e todos os outros vão à uma festa no céu. Assim como você brinca na escolinha, Papai do céu dança, canta e conversar. Só que são muitos convidados, muito mesmo e fazem barulho. Quando pulam bem forte, quando cantam alto ou quando alguém tropeça e cai no chão acontece o trovão.

-Mamãe e o relâmpago?

-O que que você acha minha filha?

A criança rápida como a luz responde não sei e abre bem os olhos esperando a resposta da mãe.

-São foguetes iguais aos que vimos na televisão.
Isabela faz cara de pensativa e pergunta:

-A festa que Deus faz, mãe, tem da bebida que papai falou que eu não posso beber? E os santos brigam e batem um no outro igual você e papai quando dançam no dia que ele chega de viagem do serviço?

O brilho da mãe de Isabela some, a chuva parece que ficou mais forte ou foi o silêncio que aumentou, aumentou, aumentou...

-Mãe, continua com o carinho no cabelo.

A ingênua menina não entendia o que acontecia. Em nenhum momento ela pensou que suas palavras ofenderam alguém, principalmente sua mãe. Bela ia pedir mais uma vez carinho quando viu sua mãe chorar.

-Você está com medo?

A mãe abre um sorriso amarelo e retorna com o cafuné.

-Mãe, papai me disse que medo é algo da nossa cabeça, se contar até 20 e pensar no Papai do céu ele some.

A senhora que estava na cama contou ate 20 e não adiantou pensar em Deus, pois esse estava em uma festa. A bela criança adormeceu esperando ser acordada com leite, sem medo de que algum dia a tempestade alcançasse sua cama.

Thiago Albino

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Falando verdades



Escreveria
se nao houvesse amor
se houvesse dor
e menos clichês

a tristeza é criativa
solidária
nua
crua

Crescemos nela
sobre ela e
através,
choramos

Na tristeza
somos quem somos
a verdade,
ou mentira

Triste
quem nao sabe compreender
a pureza
de uma tristeza

Paulo Reis

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

AO SEU LADO


Meu espírito
tem me ensinado coisas
às quais depois me desperto.
É como se vindo do sono
cravado em sonho
para o mundo tangível, tocável, possível
e ao mesmo tempo, meu Deus, tão incerto.

Talvez seja tempo de ressurgir,
se não for,
no mínimo prosseguirei
e talvez, esquecerei.

Me desperto,
como se vindo do sono
cravado em sonho
que me faz repensar.
Porque o intocável é tocável
e a tangente é o mais próximo do infinito
onde algum dia estaremos tão distantes
que aos olhos seremos somente dois pontos
Tão próximos que indiferenciáveis
tão minúsculos quanto todo o universo
reduzidos em um primitivo espaço e instante
seremos.

(Thiago Albino/ João Cortez)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meu solo


A solidão
não chega em gotas
assola
devasta

Medo maior
que este lugar ermo,
desconheço em mim

Taciturno
Ódio pelo singular
Receio pelo sombrio

A solidão
não brada
é silenciosa

Corrompe
deprava
perverte
mortifica

A solidão atormenta
vigília
tortura
flagela

Com a solidão
se cresce,
modifica

na solidão
se forma o homem
e o homem se deforma
pela solidão

Paulo Reis

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

SOLIDÃO


Na mesa se assentam, o pai, a mãe

e o filho.

O filho olha a mãe

A mãe olha o pai

O filho olha a mãe

A mãe olha o pai

O pai se olha

No espelho da sopa.
Helena Galvão Albino

domingo, 19 de outubro de 2008

Domingo


Agora,
os dois já podem ser egoístas,
não precisam mais resmungar para viver,
podem deleitar da querida solidão.

Solidão essa que era buscada
todos os dias ininterruptamente
em forma de brigas banais

conseguiram com um "que" a mais

Degustam agora
da querida solidão
que de tão solitário chora,
fininho quase um gemido

louca pra nao ser reconhecido

Chora no canto, escondido
e sobre a mesa do boteco
com doses cavalares de orgulho
se embriaga

e se cega

Serao amigos,
daqueles íntimos
que de tão íntimos nem conversam
nem se olham

E assim seguirão
em meio a tantos outros
donos de sí
não um do outro

Thiago Albino e Paulo Reis

sábado, 18 de outubro de 2008

01/01/2003



Não é preciso pressa para andar
Os passos são lentos na subida suave
A fala já é pausada, mais coerente e cética
Apenas os pátios das indústrias não comportam os ouvintes

Todos os políticos, militares e diplomatas reviram em seus caixões
A classe baixa, enfim, admira um de seus filhos
Nossa bandeira ganha rabiscos vermelhos
Do suor e da luta de um mar de trabalhadores

Os futuros livros contaram uma historia única
A vitória da perseverança, da vontade de transformar.

A barba grande, a camisa desbotada e a alma engajada
Correram por apoios, por assinaturas, por legalização da estrela
Jovens, bandeiras, imprensa, agora, invadem o planalto
Para a grande festa

De norte a sul
Há espera para que os passos continuem em linha reta
Para que a faixa verde amarela
Não estrague nosso sindicalista.

Thiago Albino

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Leito 39



Caras e bocas já não me assustam mais
há algum tempo mudei minha concepção de viver
vida é.....
acordar, doer, medicar, limpar e medir pressão.

Para que servem os amigos e parentes?
Fazer inveja ao paciente do leito ao lado,
servem para mostrar a dura realidade através de lamentos,
vou morrer.

Incrível,
há 6 meses tenho a certeza de que vou morrer,
sinto os tumores aumentando, o ar faltando,
mas,
nesses 6 meses vi o filho da vizinha ser atropelado
o Antônio sofrer infarto
e minha mulher envelhecer 6 anos.

O corpo da morte ainda não vi,
mas a fisionomia.....
já a conheço e me visita todos os dias.
Médicos, enfermeiras e até outros enfermos
misturam pavor, dó e alívio.

Deus ainda não me visitou
mas mandou alguns anjos, meus netos.
Criança exige alegria
e diferente dos adultos
criticam em vez de afagar a tristeza.

Acordo,
mais ofegante que de costume,
a certeza chegou,
já não mais me importa a dor.
Cria-se na minha cabeça uma expectativa.
Para aqueles que não se despediram de mim,
um que pena.

O que mais me assusta não são os litros de suor,
são as lágrimas de uma residente que nunca a vi
e calado me indago.....
será que morrer é tão ruim assim?

Thiago Albino

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Minha Diáspora


É preciso uma certa resiliência
Um "quê" de maleabilidade
para viver nesse falso mutualismo
que é a sociedade

Pandemia de tolerância
Epidemia de Gandhis
Excesso de viver

minha ideologia

Essa ideologia
indígena em mim
parece pronta
para a diáspora de idéias

Que seja utopia!
Que seja sonho!
são meus presságios
Que podem ser compartilhados

Expressem como queiram:
com o corpo
com a fala
com as letras

Impunidade escrota
Silêncio por medo
Grito é por todos
a palavra é para nós.

Paulo Reis

terça-feira, 14 de outubro de 2008

RETRATO DE FORMATURA


O moço bonito tem 18 anos.
Viu a menina,
viu a mocinha,
e agora mulher aos quarenta.
Ó moço bonito,
o tempo mudou só para mim.
Você permanece viçoso
na sépia marrom
do porta-retrato.

Helena Maria Galvão Albino (1992)

Mocca


Faz bem frio ultimamente
As ruas ficam mais vazias
Cervejas geladas e meninos brincando
Já não são protagonistas
O baile rebelde das folhas
Com o suspiroso vento
Ganha tristes projeções
O piano humildemente
Desafina as cordas do violão
As cores deixam de serem vivas
Mas não deixam de serem belas
O tom fúnebre acinzentado
Que vejo na janela da cafeteria
Realçam o cabelo dourado do meu amor.

Thiago Albino

domingo, 12 de outubro de 2008

Acontecemos

Vivemos e ponto
mas vivemos.....
Choramos, aprendemos,
Mas nunca deixamos de viver;
Ontem!
Tudo era sofrimento,
a tristeza tomou conta de mim
mas não vale a pena viver assim
a cada dia não há mais solidão
estar comigo é forma de solução
sei que sou mais que um simples e cru perdão!



É o primeiro que hoje é feliz
Amor a dois é lindo e quero que vá,
ser o que um dia vou ter e sempre quis
reencontrar o amor que me fugiu
e que há de um dia ressurgir

Pra que viver sem ter amor!
Alguém te quer, pensa em ter
é coisa só, há de brotar
quando nascer, felicidade
mas não há pressa, é espontaneidade!

Sei que há ser, pois há sofrer,
há de no fim,
como razão,
vai -te amar, vai-te sonhar
e vai sorrir,
pois é a paixão, vai como um todo,
te perseguir!

(Thiago Albino/Túlio Marquês)

Miúcha


Parada com a mesma cara de afeto,
sem julgamentos,
sem muitos desejos
e sempre feliz,
ela me vê
ir e vir.

Thiago Albino

Homenagem a cadela que sempre vai estar ao lado do meu quarto com o rabo balançando, vigiando se cheguei bem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Véspera


Os suores, me revelam
expressam meu peito
cheio de dúvidas e
anseios

A insônia sentencia
me culpa por meus zelos
meus medos
desvarios

Decoro palavras
evitando uma gagueira infantil
mas que é inocultável

Meus nervos
a flor da pele
dos ossos
dos músculos

Músculos que me prendem
enjaulam minhas atitudes

Ah quantos amores vão morrer
antes mesmo de acontecer?
quantos vão se esvair e chorar

O tempo infinito
minutos milenares
esperam pelo amanhã

E assim juntos
anos se passam
suores secam
gagueiras somem
músculos frouxos

Ah se todos os amores
fossem sempre lindos
como o da véspera

Paulo Reis

Atalho para afinidade


Em meio tantas turbulências... você
Nem sei porque, mas fui pra ver
Cervejas, nigths, adormecer
Andar na praia, ver o sol nascer
Dizer que é o raro viver


risos, sair do sério, perder o sapato e dar o ombro
falar português, inglês e até francês
dançar, esquecer do mundo, mergulhar
24 horas sem nem mesmo se cansar


me diz se isso não é de se cantar
me diz se isso não foi de se fantasiar
de esquecer jamais será
é sempre de doer e festejar


O bom é de se fazer
O bom é de se lembrar
O bom é onde, mesmo depois de tanta alegria, se fez chorar

O mundo fez nos conhecer
E entao ele cresceu
E o medo ignorado, fez do impulso o desejado
Que de ser feliz foi contemplado


Se amanhã ou depois alguém perguntar
Muitas noites em claro e histórias boas vamos ter pra contar
De tudo isso fica
Fica a felicidade que teve fim
A amizade do eterno
E a vida bohemia pra gente sempre recordar e confraternizar

Marina Cândido

Versos da despedida


E você vai
de súbito
assim como chegou

E vai levar
meu peito (doído)
que conquistou

Presa fácil
para seu tom de voz,
para o aprazível jeito
de prezar o viver

Intensa,
daquelas que queimam
esbanjam amor
e uma peculiar vontade de amar

e você vai
e vai chegar
todos os dias

e vai voltar
e vai embora
sempre

Sua despedida não é agora ( grande amiga )
não temos despedidas
e sim, um irremediável
desencontro

E assim mais tarde
nós seguiremos
juntos e separados
naufragados
pela vontade de viver

Paulo Reis

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mudanças




Antes mesmo de começar a escrever já sinto a abstinência dos meus infinitos pontos.........., da pausa com Ahhh!!! e dos poucos mas bastante previsíveis encavalamentos. O papel e a caneta fazem um movimento mais rápido quando dançam pela prosa.
Não me separei dos versos; a sonoridade, simetria nunca será esquecida. Resolvi beber coisas novas, vomitar tudo aquilo que sinto ou que simplesmente habite meu pensamento por frações de segundos. Mas que algum dia retornarei para minha leve redondilha......retorno.
É inevitável, toda ausência por mais que momentânea dói. Há algum tempo já tentei mudar o estilo. Já tive momentos em que tinha muito mais disponibilidade, com o tempo bem mais ameno, cervejas bem mais geladas. Então, por que agora? A resposta é bem previsível, mulheres. Perdão, mulher e que mulher.
Ela me veio de uma forma que até hoje não sei seu cheiro, não sei se o sorriso da foto é tão belo pessoalmente. Não fico perdendo noites de sono pensando o que iria pedir ao garçom se jantasse com ela, com exceção desta noite, mas quando algo me remeti à vaga lembrança da blusa listrada fico com vontade e com as dúvidas.
O pouco que sei já seria suficiente e a cada novo dia, nova surpresa. A espera permanece, entretanto a prosa, de uma forma sutil chegou, como tudo na vida, inclusive a menina que mudou a rima e espero que sutilmente mude o final desse texto.
Thiago Albino

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Traços modernistas



Desejo subir
alto
imenso
e aproveitar amiúde

Arcos Paralelos
Parabólicos
acinzentados
sujos pelas mãos"modernas"

Concreto pincelado
mostrando o atalho
curto e lindo
até a modernidade

Lá de cima
faço o meu caminho
caminho torto,curvo
em um melódico equilíbrio

Paulo Reis

Descriptione


Um lírio
cinquenta centímetros
pés inquietos
língua de fora

Delírio
que não se equilibra
sobre minhas pernas
quase se embola

Gracejos
risada deleitável
desarranja meu peito
de hora em hora

Cabrocha
exalta em reflexos
bruscos-singelos
quando chora

Brisa
com sopro-sorriso
te faço feliz
sem demora

Vida
espero crescer
isabela luisa
para o aurora

Paulo Reis

terça-feira, 7 de outubro de 2008

LEMBRANÇA AOS AMIGOS

Ninguém nunca vivera o dia que se chama amanhã,
este dia é cruel, é ordinário, é falso,
todas as noites, pessoas esperam ate quase meia-noite
e então, reesperam.

Muitos anseiam pelo depois, muitos sonham com o antes
mas poucos vivem o agora.

Grandes amores, paixões, brigas, traições, realizações, reconciliações
acontecem em um só instante, nesse instante.
O resto é lembrança, que ate pode trazer felicidade,
quando se lembra a intensidade.

O seguro que morreu, ontem, de velho
encontrou comigo semana passada.
Morreu triste, cheio de remorso.
Leitos de morte são os melhores divãs para o arrependimento.

Jovens tem a certeza estúpida que resta muito tempo.
Se todos os garotos sofressem infarto aos 20
o mundo seria, no mínimo, mais humano e inteso.



O amanhã guarda, esconde as soluções dos problemas.
O hoje vasculha e encontra.
Um ama, outro chora,
um vive e o outro morre

Quem deixa para viver o depois
acorda sempre com o sol poente
e terá a noite para decidir
se quer aguardar, ansiosamente, a alvorada
ou se quer dormir, dormir....
esperando a morte sorrir.

Thiago Albino

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Órfão



Agua turva
Céu Nublado
Nada claro
tristeza da solidão


Vazio
Um eco do nada
um piscar eterno
falta do fraterno
materno
paterno

Sem referência
Sem abrigo
sem colo
mendigar afeto
rotina constante

Entristeço
Por ser impotente
Ao ver tanta gente
inventar uma família
com a mente
Dormir num sonho
em que tudo é diferente
e acordar na avenida
novamente

Paulo Reis

Prejuízo


O que é se apaixonar?
Se entregar ou planejar?
É muito mais fácil retribuir do que criar.
Que pena,
comprei todas as ações
da maior empresa que auxilia na produção da paixão.
Comprei toda a coleção de Vinícius de Moraes.

Thiago Albino

domingo, 5 de outubro de 2008

Obituário


Ao invés de me mandarem flores,
me mandem cervejas.

Não quero que meus filhos chorem a morte,
quero que celebrem a vida.

Não quero sua visita em novembro,
quero te ver na aurora de amanha.

Quero a força do seu "me querer bem"
e que as tolices da juventude
sejam aproveitadas

E que as certezas da maturidade
sejam esquecidas

Tudo isso enquanto estiver vivo, sorrindo
a espera do seu ombro amigo.

Paulo Reis e Thiago Albino

Albino Tereza


Do meu irmao
eu carrego um amuleto
Do meu amigo
eu levo a alegria
Do companheiro
a camaradagem
Do confidente
a cabeça erguida

Dos garranchos
uma lembrança
lembrança de uma infância eterna
De santa tereza,nossa casa
De suas ruas,o samba
Do samba,
letras nunca feitas
Do violão,tentativas
Da gaita,nem isso

Da Mármore ao indaiá
do morro que tenta nos separar
da rua em que não dá pra passar
da morena à rebolar
do metro à chaqualhar
do vagão à mudar
pra corrida apostar
da infância nao quero separar

A responsabilidade há de chegar
Os cabelos, onde vão parar?
O nariz há de aumentar
os filhos vão brotar
contas para pagar
mulher pra atazanar
chopp pra acalmar
haja falta de ar!
Da barriga eu nao quero nem falar

Mas meu amigo,
esse eu tenho certeza
Não vai me abandonar
Sempre vai ficar!
Paulo Reis

Passarela


Os cabelos já cresceram o que tinham que crescer
Santa Efigênia,
continua linda como sempre,
mas, já não é o suficiente.

As esquinas, as brincadeiras, as meninas,
Santa Tereza,
Continuam lindas como sempre,
Mas já não são necessárias.

A adolescência passou, perfeita como sempre foi
Cheia de descobertas
festas.....festas.
O futebol aos poucos deu espaço ao violão,
a diversão à paixão
e a cerveja chegou no meio dessa confusão.

Aos poucos,
a distância transpôs o morro,
os caminhos não mais seguiam o ônibus,
as bicicletas ficaram encostadas.

.....

Não foi em vão
Vivi ao lado de um membro real
e a amizade ficou no meio dessa confusão.

O convívio diário
mudou para a expectativa diária
de relembrarmos tudo para vivermos mais.
As conversas continuam inocentes
...a vida bem mais séria.

Os morros crescem
Junto com eles
o futebol arruma um jeito de sobreviver.
O violão parece católico,
só sai aos domingos.
O samba luta para sair
e a cerveja sempre estará gelada.
Pois, a amizade, o telefone, a visita, enfim,
A nossa vida está de portas abertas um para o outro.

Afinal,
Santa Tereza e Santa Efigênia
são tão próximas
que ninguém sabe
onde na passarela
termina uma e começa outra
mas, que continuem.......os
juntas.

Thiago Albino

Sol do Chile




Tenho pena do homem que morrer sem antes amar uma loira à luz de velas.

O preto de sua roupa misturado ao roxo do vinho

criam um ar de paraíso hedonista.

As curvas se destacam com o pressionar das mãos.

A voz mansa provoca agora um turbilhão de arrepios.

Os cachos de cabelo há muito já viraram pétalas de rosas.

A sala transforma-se em um cubículo, não cabe mais um grão de
areia.

A certeza da eternidade some e dá lugar ao imenso prazer.

O medo me alcança

pois o homem que esquecer o que é amar uma loira à luz de velas

já é digno de pena.

ThiagoAlbino