sábado, 12 de dezembro de 2009

Colha o dia

Cinco minutos
o tempo da certeza
acalme-se 
nem tudo está perdido

Olhe, sinta
aproveite seus poucos minutos
chupe os dedos
e sinta o sabor doce da ignorância

Desfrute a amada
faça amor
mas ame por estes cinco minutos

Cante alto
assobie se souber
mostre os dentes
antes que eles caiam

Tenha sempre a mão
doses cavalares de intensidade
seja por inteiro
e aproveite os cinco minutos

Não olhe para o relogio
não perca seus segundos
se apegue mais aos detalhes

Não chore pelo não
Amores modernos 
são simbolos
da nossa fragilidade

Siga em frente
Aprenda a assobiar
"carpe diem"
há sempre outros cinco minutos


Paulo Reis

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carteira Assinada


Meu nome é trabalho hora extra e dinheiro no bolso
Filho da necessidade
Pai do cansaço
E o que é meu deste pedaço
É, senão, o riso, pouco e rouco e fraco
Do ganhado e guardado
Perante o penhasco

Canto e canso
E por cansar
Lamento o tempo perdido
No entanto
Meus cantos vibram mais
A melodia é maior
Em tons mais altos.


( João Cortez, Paulo Reis, Thiago Albino )

Essência

No mais presente
Ausente
No mais ausente
Saudade
Na mais saudade

Será necessidade ou comodismo? ______________________________Perdido em ensaio de verdade
É um diálogo?________________________________________ Devaneio evadido
Carência, ausência_____________________________________ De um sonho esquecido
Na perspectiva______________________________________ No primeiro segundo da manhã
O nada, o tudo, o eu____________________________________ O tudo, o nada, você
Somente? Presente?_____________________________________ Somente? Ausente?
Absoluto ___________________________________________________Nulo
?
(Paulo Reis, Mila Vaz, João Cortez, Thiago Albino)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Compatibilidade de Gênios

Ver, depois rever
repito
repito
Verde pois de ver
insisto 
insisto

Acalmam e brilham
tanto
francos
Você e eu
verdes e castanhos
unidos, munidos
Mais, cada vez
mais

Paulo Reis

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

365 dias de muito prazer, leitura, poesia, amizade, cerveja, ressaca, paixão, música, Santa Tereza, futebol, descobertas.

É com muito orgulho que completamos um ano de vida e agradecemos a todos que passam por aqui.

Podem ter certeza, usaremos essa data para longas comemorações e torço para que no meio de tudo, outros poemas possam nascer.

Thiago Albino

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quem fala demais.............

O bar estava animado
pandeiro bem empolgado
Sete cordas bem afinado
Avistei a morena do lado

A machaiada num rebuliço
será que havia feitiço?
cheiro?
não sei, não entendo nada disso.

Fui pra perto da morena
Sua amiga entrosada
digo, até assanhada
sambou que pra levar, tem que conversar


E blá blá blá
e blá blá blá
Chico pra cá
Vinicius pra lá

Coitado do Freud
Até ele cismou
de aparecer por lá

E a morena animada
sambava e suava a coitada
e o assunto nao acabava
haja resenha pra essa mulata

E no meio da conversa
licensa ela me pediu
foi ao banheiro
e rápido partiu

Fiquei esperando
dez, vinte,trinta minutos
e o relógio num parava
o samba deu até uma afrouxada

Quando de longe ví a danada
Ela tava toda entrosada
Ví de longe o beijo
que ela deu no camarada

A moçada caiu na gargalhada

QUando ela foi embora
fui perguntar todo tristonho
pro caboclo o que ele tinha
pra ganhar a linda mocinha

E a surpresa apareceu
o cara não me escutou
muito menos respondeu
acenou com a cabeça
fez gestos com a mão

Ah meus amigos
o esperto do cidadão era mudo
mudo eu que fiquei
por isso digo sem nenhum penar
quer resenha?
Põe um frango pra assar!

Paulo Reis

Brindemos a Onomatopéia


Cráá Cráá
Flap flaap
cráa cráa

RRRooaarrr
RRRRRRRRRRRRRRRoaaarr

Craaa
Flap
Cr........

Rooooaaarrr

Clec Clec
Shiiiiii
Silêncio



Eis que surge
a cadeia alimentar

Paulo Reis

sábado, 22 de agosto de 2009

Desamor


Abre essa porta
Anda!
Vai logo

Deixe a chave
e se depois te procurar
não acredite

O que virão depois são apenas mentiras que
inventei para contornar
essa situação incontornável

O que virão depois são hormônios
Brutos, não mais lapidados
pelo amor de antes

Comodismo
medo
O choro inevitável


Em qual momento
deixei o amor sair?

sempre tem um momento


Paulo reis

Olho Mágico


Há de se notar
que todos a sua volta
tem o mesmo olhar

Cante
erga os braços
feche os olhos e
encante

Como vai me notar?
Pobres boquiabertos
calmos porém eufóricos
como agora estou

A diferença tênue 
entre os meus olhos
e todos os outros
talvez você nunca saiba

Digo francamente:
Nem eu mesmo sei!

Só sinto escondido
Bem baixinho

Sinto e peço
Feche os olhos
erga as mãos
e cante

O show minha cara
Deve continuar

Paulo Reis

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

domingo, 26 de julho de 2009

15/07/2009

As estrelas se ofuscaram
um apito contestado
ecoou pela cancha

Dias de glória abrem espaço
e a alegria de antes,
cede lugar ao sofrimento

A virada mais dolorosa
fez de nossa casa
o "silêncio ensurdecedor"

Guerreiros se ausentaram
Gladiadores choraram

No juri da nossa tristeza
três ou mais réus
Sem entender cantamos
e choramos

Na sentença injusta,
em que o apito é o martelo
somos nós os condenados
condenados por amarmos demais

Paulo Reis

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Corte de cabelo


Cada um com seus problemas, com seus amores, com sua família e com seu time do coração. O meu, como todos que me conhecem já sabem, é o Cruzeiro e junto com ele vem uma história longa de paixão, devoção, algumas tristezas, infinitas alegrias e é claro como bom amante do futebol, carrego algumas superstições.

Tudo começou na Copa do Brasil de 96, todos os jogos foram assistidos com a mesma camisa. Na Libertadores comprei minhas primeira bandeira e essa não saiu do meu lado um só instante em jogos importantes. Não sou nenhum pouco metódico, manias entram e saem de acordo com o campeonato, algumas ganham corpo, perduram por mais tempo e outras como parte do meu ser e pelos títulos do azul celestes ficam para sempre.

Libertadores 2009, time amadurecido da eliminação do ano anterior, pouco acreditado, mas ganhando vida a cada jogo. Logo na cara deu para ver onde chegaríamos, já no carnaval sonhava com Dubai. Nesses momentos apareceu a bendita, apareceu as superstições. A bandeira foi lavada em fevereiro e de tanto usada está encardida.

Todas as camisas oficiais que tenho foram presentes e por destino foram mantos de grandes títulos: 96-Copa do Brasil, presente da minha mãe; 97-Libertadores, presente da minha avó; 2003-Campeonato Brasileiro, presente de uma antiga namorada. O coração ficou apreensivo , não podia comprar a camisa, apesar de ser a mais bonita de todos os tempos. Chegou junho e com ele o sempre romântico dia dos namorados. Quanta expectativa e por fim a sacola da loja esportiva. Foi extremamente romântico e preciso. Juntando isso com o futebol de classe do Marquinhos Paraná não faltava nada ou quase nada.

No início da competição lembrei que em todos esses títulos citados meu cabelo estava grande. Não demorou muito e prometia para mim mesmo que a tesoura só seria visitada depois do título ou de uma improvável eliminação. Tudo em ordem, o cabelo cada dia mais feio, o Ramires cada vez mais rápido e o Kléber cada vez mais comportado.

Mas a mão que acaricia é a mesma que apedreja. Semifinal, quase lá, o cabelo já incomoda a todos, menos a mim e de repente, nada mais que de repente, surgi a formatura de direito da mãe da querida namorada. Sem poder argumentar sou convencido pelo afeto, pelo amor e com um pouco de razão ( aparecer na colação de grau com um namorado cabeludo despenteado não deve ser nada bom ) a deixar para trás toda expectativa, toda minha superstição, toda minha certeza de ser tricampeão.

A cada tesourada mais ansiedade surgia. As vésperas do jogo não consigo ficar parado. Tenho medo de ser o culpado da desclassificação, vou sentir enorme remorso e culpa. Apenas me resta torcer muito, muito mesmo, pelo Cruzeiro e para que toda essa crença futebolística seja uma bobagem de criança que devia ter acabado em 1996.

Thiago Franco Albino

domingo, 5 de abril de 2009

Pensamentos soltos que ocorrem em uma caminhada cheias de folhas no chão



O tempo anda ansioso. Já sinto um pouco de frio pela manhã. Estamos em abril. As folhas já estão prontas para suas quedas suaves, para aumentarem o trabalho das faxineiras, para causarem risadas das crianças que brincam de bola na rua e fantasiam flocos de neves ou resmungos de avós com expectativa e medo da dor dos ossos.
O calor invade o final de agosto, as propagandas de moda verão começam no inverno, tenho garganta inflamda em pleno sol de fevereiro, um dia nublado inesperadamente proporciona o mais lindo pôr do sol e o azul claro da manhã vira o negro escuro da chuva da tarde. O tempo anda ansioso. E tenho certeza, ainda não é culpa do garoto estufa; ainda uso blusa de lã pelas manhãs de céu azul.

PS 1: Será que essa visão pertence somente a mim ou também é dos taxistas da esquina que discutem o tempo, do organizador de festas edo viúvo que há muito não importa se chove ou se faz sol?

PS 2: No meio de toda essa bagunça, quero fugir do centro das atenções que nunca fui. Não quero mais o carinho que tanto esperei e que tanto entreguei.... Ironicamente, o drama sempre começa no meio de tudo e nunca termina no fim. Ando ansioso, vejo tudo ansioso, não sei mais onde colocar minhas mãos, o que falar e não mais me puno por pensar coisas feias, por reclamar do presente e do tempo. Não me sinto inconsciente e os rabiscos ganham força pelo amor próprio, pela ganância de felicidade. Buscar novos eus? Achar realmente a razão? Nada de banalizar a solidão, amiga inseparável dos bêbados que não bebem. Parar seria matar todo espírito sentimental que nasceu lá atrás. Logo, resta aproveitar o amargo do chocolate e observar outras coisas ansiosas como o tempo que mistura estações, que invade uma na outro e não respeita datas. Admirar as folhas caindo para que o próximo verão me proporcione novas visões, seria uma atitude sábia.

PS 3: O verão começa no dia 21 de dezembro, solstício de verão, momento em que o sol está na sua maior latitude sul, encontra-se em cima do trópico de capricórnio. Penso que deveria ser o momento maior, aúreo do verão para todos cidadãos austrais, mas no entanto é apenas o início. O verão começa quando o sol já vai rumo ao norte, começa no dia do começo do término. Como gostaria de conversar com uma professora de geografia.

Thiago Franco Albino

Margem de segurança


Caminhe o mais longe possível
para fora do alcançe das minhas palavras
para a sua felicidade.

Suma para a distância da covardia
para o silêncio
que polpa o resmungo
que facilite a alma.

Mas ao mesmo tempo
tenha a certeza
nada escapa ao desejo.

Thiago F. ALbino

Afogado


Uma atrás a outra
me resta decepção
de todas as formas
me junto em convergência.

Vontade de me sentir leve
de me comparar ao branco
e realmente ser o que sinto
não o que digo.

As vezes minhas pegadas
tão supostamente previsíveis
encontram mais sozinhas
que o nascer do sol.

E justamente atrás da montanha
resta uma lágrima
que de tão espontânea
evapora pelos olhares rígidos.

Thiago Franco Albino

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Os Degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

domingo, 8 de março de 2009

O mais profundo sofrimento de realmente te querer


Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
o olhar mais lindo do mundo,
que é esse seu, que vem a mim,
que mesmo longe é tão profundo.

Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
esse desejo aqui do fundo,
de te querer, de te sorrir,
e de te ter, só um segundo.

Como é que eu posso reunir,
em uma estrofe, em um refrão,
tudo o que eu tenho pra falar,
tudo o que é só desilusão!
Você não vai me entender,
vai disfarçar, vai se esconder,
não sei se quero te querer,
não sei se quero mais sofrer.

Não sei se quero te querer,
pois tudo indica que é em vão.
Mas sim, vou ter que conviver,
com minha mente e coração.
E minha mente diz que sim,
assim como o meu coração,
que tudo não chegou ao fim,
que nessa história não há não!

(Túlio Marques de Faria)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

poema com quatro mãos


Quem seremos nós?
Se hoje não lembramos quem fomos!
nós perdemos?
Acrescentamos.....
cada vez mais....
Hoje somos dois anos,
mas seremos.....

...Amanhã...
dois anos e um dia.
E muito menos
e muito mais.
Mais ou menos sem mais nem menos
eu e você
nada a fazer
a não ser plantar,
regar e deixar crescer

Em que pese a inutiladade da reza
o sentimento prevalece
e o amanha não passa de uma fácil percepção.

Pra que sentar e tentar fazer poema?
Se isto não me traz felicidade e desejo.
Se isto não vai resolver o meu problema.
Da ausência do amor, que eu só quero,
mas que não posso,
pois muito além de mim,
há aquilo que só vejo!


(João Gortez, Pedro Brandão, Thiago Albino, Túlio Marquês)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lágrimas Contadas



Foram nove
daquelas bem doídas

Mal sem perceber
Foram-se cem
e o pranto jorra

E quanto sentimento havia alí
regado a tradições inventadas

Crianças!
Demasiadas questões se expressam
em líquidos incolores
e em sentimentos não palpáveis

algo fantasiado em sambas dominicais

E quantas Juras

Crianças.
A exclamação some
e o reflexo impulsivo
retorna ao seu devido lugar

A dor renasce

Sentimentos
onde a porta é a serventia
balbuciados por
uma infelicidade monumental

Chorem

Nobres crianças, onde a vida é o pião
girando no granito

Paulo Reis

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Irmão, amigo....


Te vi estranho quando tentavas inventar
um idioma para comigo falar.

Te vi criança, quando fostes meu companheiro
nas brincadeiras da infância.

Te vi orgulhoso, quando dizias que encontrava
em mim a tua semelhança.

Te vi amigo nas horas que encontrava tuas
mãos a me amparar.

Te vi adversário, quando teus cuidados fizeram
algo me negar.

Te vi alegre, quando compartilhamos vitórias e
emoções.

Te vi forte, para me incentivar quando
tua vontade era chorar.

Te vi fraco, para me mostrar, que as vezes
caimos, mas o importante é ter forças para
levantar.

Te vi apreensivo, quando comecei a criar asas
para vôos independentes alçar...

E por tudo que eu vi hoje eu posso afirmar
que és muito mais que um irmão....
Um ser humano sempre tentando acertar...
Um grande e eterno amigo!
O amigo que se quer ter, e em ti pude
encontrar.
E assim sempre será meu grande
amigo e irmão.
Hoje comemoro com você o seu aniversário,
como se fosse um pouco do meu.
Que você seja sempre íntegro, forte e
amado por todos.
Feliz aniversário, te adoro muito.
Parabéns!

(Daniela Albino)
04/02/2009

Vou fazer um comentário na própria postagem: foi o melhor presente
que ganhei. Amo e tenho muito orgulho dessa linda moça.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Rio do anil

Essa canção é muito mais do que você e eu e nós
É pra você, sobre você e muito mais que você não vai nem saber
Mas eu preciso me expressar
Eu não podia simplesmente ignorar você pra mim

Seus olhos, seu cabelo, seu jeito de sorrir
A sua voz, o seu olhar, a minha vida, o seu caminhar
Então eu faço essa canção pra te mostrar
Que você é linda, que como você não há...

...E que você eu vou querer pra minha vida inteira
O meu amor é grande e tanto pra existir (e existe sim)
Mas não é grande pra poder te amar assim
O meu amor não vai trazer você pra mim

O meu amor não vai trazer você pra mim
O meu amor não vai trazer você pra mim
O meu amor não vai trazer você pra mim

(Túlio Marquês)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sentimentos litorâneos

Os tempos mudaram
bocas secas de antes
abrem passagem
e as parótidas jorram

As feridas fecham
ondas litorâneas
água benta
e seu batismo está feito

O peito abre
a cabeça
dona de sí
lamenta a inesperada chegada

Os triângulos tocam
o bumbo ressoa
o violão dá as boas vindas
para a dança da vida

São Pedro concede lincença
onde era asfalto, vira mar
o destino se traça
e tudo se renova

Quem duvida
quanto sentimento havia alí
regado a essência de maçã?

Aos devotos de São tomé
mando abraços de São Pedro
e mesmo sem ver sentimentos
passo a acreditar nos litorâneos.

Paulo Reis

Litoral


Os coqueiros
grandes e belos
fazem o barulho da chuva

A lua
parecida com a pupila de um dragão
brilha
no mar, no rosto de quem sabe amar

A areia
fina e fria
amortece
o entrecruzar de jovens pernas

E o vento
com bastante leveza
sussura nos ouvidos arrepiados.

(Thiago Albino)

TAMAR


Tão belo é o encontro da tartaruguinha com o mar
passos curtos, sem direção e apressados
algumas se perdem
outras resolvem nem sair do ovo.

O trabalho é arduo
60 dias de espera
119 irmãos
50 cm abaixo do chão

A descida pela praia parece uma infinidade
siris, pássaros aguardam tão ansiosos como os turistas
mais uma batalha vencida
e como prêmio as ondas do mar,
refresco, beleza e mistério
a cada etapa um peixe
uma nova posição na cadeia alimentar

Novos mares, países, até oceanos
poucos restaram
mas ao local de origem devem voltar
talvez
não só para procriar
talvez
para alegrar aqueles que
fazem dessa trajetória
parte da sua história.

(Thiago Albino e Mariana Oliveira)

da forma mais sincera, parabéns para todos envolvidos nesse projeto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Igualdade social


Não é verdade o dito popular de que pobre e rico se encontram no momento em que nascem e que morrem. As maternidades finas são silenciosas com médicos 30 horas de plantão, os partos são marcados 9 meses antes e os bebês já nascem cheirosos. Nos cemitérios de última geração que pra mim são shoppings com boullevard, a única coisa que não lhe são veiculados é a tristeza. Os caixões possuem muito mais madeira do que todas as camas que alguns menos favorecidos deitaram em toda a vida. Por outro lado, as maternidades e cemitérios públicos parecem um campo de batalha, onde se luta por leitos, lápides, pela mínima dignidade.
Já os engraçadinhos inspirados pelo velho guerreiro diriam que no trono somos todos iguais. Doce ilusão. Iorgutes, fibras, dieta balanceada ganham e muito em eficácia contra superstição, chás. Entretanto, acho graça que além disso as madames exijam silêncio.
O futebol durante muito tempo foi a minha aposta sobre o evento que representasse a igualdade social. Favorecidos ou não sofrem, pulam, comemoram da mesma forma. Enxergam jogadas da mesma maneira, mas enfrentam filas de formas antagônicas, tem acesso diferente ao espetáculo e aos membros coordenadores de seu time. A camisa de um é oficial e autografada, do outro, quando não velha e rasgada, é de esquina ou usada.
Ficou a dúvida, o que nos une nesse país de dimensão continental? O que a classe financeiramente dominante tem de interseção com a classe desprovida de renda? Na política a influência e o poder real de mudanças é restrito, educação e cultura não há nada digno de nota.
Fui encontrar a resposta quando já estava desanimado e triste. Resolvi escquecer a dúvida, sentei em um bar e pronto. Ao pedir minha habitual cerveja gelada encontrei o tesouro. Olhei em volta, observei um grupo de terno bebendo o mesmo líquido quase sagrado que um grupo descontraido com roupas sujas de tinta.
O copo normalmente é diferente, um é lagoinha, outro é desenvolvido para manter a homogenidade e temperatura. A marca é diferente, mas a cevada e o álcool em concentrações baixas sempre prevalecerá. A cerveja é a ponte que ligas as duas ilhas sociais. Em uma ilha há o whisky, os finos scott bar, com gelo e música estrangeira, na outra há a cachaça e torresmo nos sujos bares de rua com seus pandeiros desafinados, entretanto no meio exato e com mesmo grau de aceitação e invasão está o líquido de origem alemã que há muito tempo foi adotado e é enraizado pela cultura nacional. Um brinde a cerveja, único evento social capaz de unir patrão e empregado fora do horário de trabalho.
Thiago Albino

Contagem Regressiva


Outros 365 dias se passaram, de novo começa a contagem e as ondas preparam para quebrarem suavemente. Como de costume não seguro nenhuma garrafa de bebida alcólica, coloco minhas mãos nos bolsos confortáveis e fecho os olhos.
É automático, faço uma retrospectiva inconsciente nos tão aguardados 10 segundos. Inevitável não escutar a música mais marcante do ano, que não está tocando, Janta.
Não crio nenhuma pretensão maluca, não mudarei da noite para o dia, minha vida apesar de intensa, não é tão instável.
Não costumo pedir muito, pois não dá tempo, prefiro largar a ambição de querer que o próximo seja o melhor e como curto rever risadas, beijos, bobagens, viagens.
Que amanhã eu acorde ao lado da felicidade para que os novos 365 sejam bons para ocupar seus últimos segundos.
Thiago Albino

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Férias

Pessoal
Eu e Thiago estamos de viagem até fim de janeiro

Estamos escrevendo muito e em 2009 o Poemas Mineiros terá grandes novidades


Obrigado a todos pelo 2008 de poesia
e sinceros sentimentos

Um grande abraço
Paulo