sábado, 22 de agosto de 2009

Desamor


Abre essa porta
Anda!
Vai logo

Deixe a chave
e se depois te procurar
não acredite

O que virão depois são apenas mentiras que
inventei para contornar
essa situação incontornável

O que virão depois são hormônios
Brutos, não mais lapidados
pelo amor de antes

Comodismo
medo
O choro inevitável


Em qual momento
deixei o amor sair?

sempre tem um momento


Paulo reis

Olho Mágico


Há de se notar
que todos a sua volta
tem o mesmo olhar

Cante
erga os braços
feche os olhos e
encante

Como vai me notar?
Pobres boquiabertos
calmos porém eufóricos
como agora estou

A diferença tênue 
entre os meus olhos
e todos os outros
talvez você nunca saiba

Digo francamente:
Nem eu mesmo sei!

Só sinto escondido
Bem baixinho

Sinto e peço
Feche os olhos
erga as mãos
e cante

O show minha cara
Deve continuar

Paulo Reis

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível