domingo, 30 de novembro de 2008

Dias de amor


Para maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 30 de novembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão entrando de férias. Mas para Pereira, um garoto reclamão e carente do bairro Santa Efigênia é um dia diferente.
Pereira é apaixonado por Maria, uma mocinha preguiçosa de caninos pontudos que os usa tanto para morder quanto para sorrir.
Maria Teixeira Soares mora em Santa Tereza numa rua sem saída. Já Pereira Men de Sá mora em Santa Efigênia numa avenida que não passa ônibus. Moram relativamente perto.
Maria vive para os amigos e família. Usa dos poderes da covinha para conquistá-los.
Pereira ama os amigos apesar das madrugadas de vídeo game se tornarem cada vez mais raras. Família ele também ama, apesar das discussões por copos e roupas no chão.
Conheceram-se quando tinham que se conhecer e se beijaram quando tinham que se beijar. Maria andava com os pés bem atrás. Usava o olho mágico para abrir as portas e janelas de sua casa. Isso o encantava. Pereira queria ir entrando, sentando no sofá, comer um misto quente e pegar o controle da televisão. Isso a encantava.
Entre encantos e barrancos (me desculpe o trocadilho). Entre surpresas e carinhos, entre cubanos e mexicanos eles se deram uma chance.
Certo aquele que disse que os opostos se distraem e os dispostos se atraem.
Certo aquele que não desistiu. Certa aquela que não se esvaiu.
Ambos estavam certos, que sorte. Entre tantos anos, entre tantos outros.

Para a maioria das pessoas no mundo, hoje é apenas 1 de dezembro. Um dia comum em que algumas pessoas estão começando a ter sonhos natalinos.
Mas para Pereira é um dia diferente, é o dia de reinventar o amor.

Paulo Reis

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mãos atadas



Acomodamos,
perdemos o frio na barriga
o prazer do novo
do inusitado

Acomodamos,
nossos jantares
sempre tão alegres
já não tem a mesma graça

Acomodamos
e acumulamos ofensas
desrespeitos
brigas banais

Acomodamos
e cuspimos imperfeições
um no outro

Acomodamos
e amadurecemos,
ficamos donos da razão
dignos de sí próprio
não um do outro

Acomodamos,
deleitamos agora
com nossos longos beijos
de três segundos

Acomodamos,
nos mesmos apelidos
nas mesmas brincadeiras
que já não tem a mesma graça

Acomodamos,
rotineiramente
paulatinamente
estúpidamente

Acomodamos,
e quem nunca se acomodou
que atire a primeira pedra

Paulo Reis

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Gaze


Uma só não serve para nada
Um conjunto tem muita finalidade
Nenhuma impede uma operação
Uma dentro da barriga é inflamação
E o mais importante,
com um S no final
é motivo de reclamação.

Thiago Albino

domingo, 23 de novembro de 2008

Poema que aconteceu

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.


A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Revolução negra


A Revolução veio pela tv
Foi mastigada em jornais
Em massa pela internet
Ontem, prédios do império ruiram
Hoje Outro momento histórico

A Revolução foi live
A história é ao vivo
Nasce uma nova américa
cheia de esperança
no tubo

Foi on the fly
CNN em holografias
Wall street journal
MSNBC em widget
pariram uma nova américa

Um filho negro
como King
cala o racismo
sem sangue
sem guerra

A bandeira branca
levantada entre raças
veio pelas mãos democráticas
a revolução meus amigos
é negra

Seu Barba e Paulo Reis

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Singelo


Gostaria que tudo antes, fosse nada.
Quem me dera beijar a boca que para sempre será minha....
Nunca antes tenha sido beijada
talvez,
por ciúmes
você fale o mesmo de mim
mas nunca antes
nem nunca ousei dizer
fique......
fique para sempre.

Senti com você
uma vontade de me completar só
de te querer mais, cada vez mais....
para juntos sermos só como nunca fomos.
Para sabermos que seremos mais felizes
um do lado do outro....do que do outro.
Pois não
Fique
Fique para sempre.

Thiago Albino

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Auto-Biografia



Perdoarei
por seus desencontros
internos que,
se tornam externos
a qualquer desatenção

Perdoarei
"por fazeres mil perguntas
que vidas que andam juntas
ninguém faz"

Não insista
pelo meu perdão

Insegura-se de si
para si

Abra-te os olhos
a moldura é clara
é simples

Perdoarei
por esqueceres a métrica
por dançaste sem rimas
por confiar
com os pés bem atrás

Paulo Reis

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Acaso

O acaso são as mãos do deus Baco
não são das deusas do amor, da sinceridade
pois elas não saem de casa depois da meia-noite
essas deusas assistem da combinação, do "arranjamento"

Baco ficou viciado em vinho, coitado,
quando o acaso o fez perde uma grande paixão.
Revoltado, sem nada poder fazer,
roubou o direito dos outros deuses de usarem o acaso.

Brinca de criar paixões, dúvidas, incertezas,
faz acontecer encontros esperados ou não.
Resumindo,
ele possui um dos sentidos da vida: o inesperado.

Aos poucos foi aprimorando suas táticas para concluir as proezas
inventou na África o samba
na Europa o rock
e na América o eletrônico

Deu vida à alguns poetas primorosos
que expressavam através de seus dedos
os desejos de um deus vazio mas feliz.


Mas, cansado de tanta repetição,
Baco queria um acaso
que não virasse só um caso de bar.
Queria um acaso que compensasse a perda da sua grande paixão
e num estalo de dedos, em mais uma noite na casa dos deuses,
um jovem louro cheio de expectativa
encontrou uma moça linda " com blusa listrada" cheia de dúvida.

thiago albino

domingo, 9 de novembro de 2008

Já não vou mais



Letra: Túlio Marques
Interpretação: Expalhasamba e Excluidos
CD: Ao vivo em S. José da Lapa
Diretor: Rodrigo T. Gontijo

Versos da afinidade sem fim



Entre Kubrikcs
e Bossas
Numa odisséia me lançei
em um espaço musical
de afinidades Vinicianas

E como num samba,
de ritmos dobrados
senti-me extasiado
emaranhado
em afinidades cotidianas

E quantas Marias
Madalenas
Helenas e Anas
encontrei-me com a amizade
em uma afinade chamada Fernanda

É a dos filmes
Das músicas
dos dentes
dos livros
e o espelho da minha alma se multiplica

Paulo Reis

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Rua saudade


Atravesso a rua
esqueço de olhar para os lados
nao meço as consequências
sem olhar pra trás
eu apenas vou

Sigo meu caminho
(creio não estar escrito)
acredito ter forças
no entando não me apoio mais
nas pessoas de sempre

Bebo e me sinto confuso
paranóico
busco uma válvula de escape
que nao vejo

Vou para outra rua
sigo meu caminho torto
sozinho beijo com lagrimas
a fronha do meu travesseiro

choro e lamento
conhecer a rua saudade.

Paulo Reis

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Nossa rotina


Aproveita....
Aproveita meu amigo,
Aproveita que não tem mais lágrima.

Sinta o gosto doce do medo, da solidão
Lute contra o desespero da ausência
Curta todas as presenças, por mais que durem apenas a madrugada.

Beba, beba ate entornar
Até sonhar em casar
Ressaca? Foi feita para curar.

Cante....
Para as loiras, morenas, ruivas,
baixas, intelectuais, fúteis, bonitas, feias,
cante até para as gordinhas,
cante para quem estiver ao seu lado.

Desfrute sua irmã,
ela tem muito a dizer,
sabe muito mais de mulher que você.

Conquiste, apaixone-se
e nesse momento, boa sorte.
Suas lágrimas já estarão prontas,
viva, viva o antigo misturado com o novo.
Viva uma nova mulher.

Thiago Albino

terça-feira, 4 de novembro de 2008

RECOMEÇAR

Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade.

Cegueira


Cotidiano
Solidão muda e cega
Imersa em uma banheira de pessoas
Que não vejo
Nem sinto.

Lacrimejo o desejo reprimido e
atiro copos na parede do meu peito
joelho e corpo
unidos pelos meus braços
fracos e castos
de tanto buscarem por você.

Me perco nesse vazio
da intensa escuridão das sombra dos rostos
que poderiam me fazer feliz.

Amanheço
no mesmo momento
que me sinto por inteiro seu.

Não importa se quem esbarro
e peço desculpas
seja diferente de ontem
Meus olhos são impedidos
de proporcionar sorriso
pois assim vivo
a cotidiana vontade de te enxergar.

Thiago Albino e Paulo Reis

sábado, 1 de novembro de 2008

Exemplo circular


O choro
tapas
gritos

o menino
olha
guarda

O pai rí
a mae chora
o menino treme

O menino cresce
tapas
gritos

O "menino" rí....

Paulo Reis